Trainspotting 2
Só para ser diferente, vou falar de um filme que nada tem a ver com os Óscars, o Trainspotting 2.
Para ver este filme, acho importante ver (ou rever) o primeiro, o Trainspotting. Não é que o segundo não seja compreensível sem o primeiro, mas ajuda a perceber a sua verdadeira magnitude. Eu voltei a ver o primeiro antes de ver o segundo e penso que foi uma excelente ideia.
De uma maneira geral, gostei do filme. No entanto, e sendo óbvio que, sendo uma sequela, haverá sempre comparações entre o primeiro e o segundo, a verdade é que gostei mais do primeiro. Achei-o mais cru, mais disruptivo. Muito grunge dos anos 90, muito psicadélico, com cenas completamente twisted e muito fortes. Julgo que é um filme que só poderia ter sido feito naquela altura e talvez por isso é que eu gostei mais - porque é algo que, para mim, é completamente fora do comum, mas com uma realização de que gosto muito.
O Trainspotting 2 é, obviamente, um filme mais dos nossos dias, cujo final é um bocadinho claro desde o início. Tal como disse ao meu namorado, julgo que, na generalidade, é um filme sobre uma crise da meia idade (embora, claro, com especificidades muito próprias). É um filme sobre um grupo de amigos que se separa, se zanga e que se reencontra 20 anos mais tarde. Não é tão psicadélico nem tão original como o primeiro, mas traz para cima da mesa uma reflexão interessante sobre os dias de hoje, sobre o que somos hoje em dia (tenhamos sido ou não toxicodependentes). Apresenta cenas também muito fortes, emocionalmente intensas e a realização, mais uma vez, está muito interessante, com a apresentação, em simultâneo, de cenas do filme atual e do primeiro.
Vale a pena ver. O ponto alto do filme? O discurso do Renton (brilhantemente interpretado pelo Ewan McGregor). Muito muito bom. E a banda sonora, claro.