Terapia gratuita
Correr é como terapia gratuita - não tenham dúvidas nenhumas disso.
Pode ser difícil começar e depois de começar, temos muitos dias em que não nos apetece. Em que tudo puxa para não corrermos. O vento, o frio, o cansaço físico, o sono, a vontade de ficarmos alapados no sofá ou a quantidade de tarefas nada praseirosas que temos que fazer.
Mas a corrida é uma terapia. Gratuita e sem farmacológicos - o que mais podemos querer?
No outro dia, soube que foi diagnosticada a uma pessoa que me é bastante próxima uma depressão. Já está a fazer psicoterapia e há cerca de 15 dias, começou a tomar anti-depressivos. As razões para essa depressão são várias, sendo que uma delas terá passado pela canalização de certos problemas para o trabalho (esta pessoa é a personificação do workaholic) e para alguns comportamentos "auto-destrutivos" (como o consumo de ganzas diário).
Ao saber disto, e ao ter ficado preocupada - porque a pessoa me é mesmo bastante próxima -, comecei a pensar em mim própria. Eu também tive fases complicadas ao longo dos últimos anos. E também tive alguns comportamentos "auto-destrutivos". Tive momentos desesperantes e ideias parvas. Mas a diferença entre mim e esta pessoa é que em vez de ter canalizado os meus problemas para o trabalho (até porque, bem, muitas vezes os momentos desesperantes se relacionavam com a falta de trabalho) ou para o aumento desses comportamentos destrutivos, canalizei para o desporto. Para a natação e para a corrida.
A corrida começou mais a sério há cerca de 4 anos. Tive algumas paragens, mas apercebo-me agora que me ajudou em fases um pouco mais complicadas nestes 4 anos. E a verdade é esta: em dias em que só me apetecia fugir, desaparecer, em dias em que só me apetecia chorar, em dias maus, realmente maus, ia correr - vou correr -, e apesar de a situação não se resolver, eu colocava-a em perspetiva. Há uns anos fiz uma publicação no Instagram com uma foto da minha corrida e escrevi "Às vezes, o melhor é mesmo pegar nos ténis e correr. E correr. Mesmo que não seja dia. Ganha-se perspetiva. E de bónus, bate-se o record de km percorridos numa corrida. Great! Great! Great!". Porque é isto mesmo.
A corrida não faz com que os meus problemas desapareçam nem elimina completamente todos os macaquinhos. Mas ajuda. Naquela hora em que sou só eu, a "estrada" e os phones, nada me importa. E depois, sinto-me mais leve.
Corram, façam desporto. Pela vossa saúde, física e mental, façam desporto - não entrem em espirais destrutivas, não se escondam atrás de ganzas nem comecem a fumar aos 30 anos.