Sorte
Dizem que a "sorte protege os filhos da luta". Acho que o objectivo desta frase é dizer que não basta esperar que as estrelas e a lua se alinhem, não basta esperar que haja algo não imediatamente identificável que nos ajuda a andar para a frente, mas que a sorte se constrói com trabalho, esforço. Não é aleatório.
Mas às vezes, acho que não. Às vezes, acho que isto da sorte é um bocadinho aleatório, sim, independentemente do esforço que cada um imprime no seu trabalho, na sua vida.
Às vezes, acho que a sorte chega a quem nunca fez nada de jeito e, mesmo assim, com contactos, com o "estar no lugar certo à hora certa", com o alinhamento das estrelas, consegue atingir determinadas coisas. Mas depois, para compensar o universo, há aquelas pessoas que sempre fizeram tudo bem, que estudaram, trabalharam, e acabam sempre por ser vítimas do "azar". E isso, perdoem-me o vernáculo, é uma merda. É injusto. É triste. É revoltante.
Às vezes, acho que existem 4 tipos de pessoas.
- Tipo I - Pessoas que trabalham e têm o seu esforço reconhecido. Embora alguns digam que é "sorte" (e admito que pode haver alguma, por, por exemplo, as condições proporcionarem determinadas situações), acho que mais do que sorte, se trata de justição - é o reconhecimento devido pela sua dedicação.
- Tipo II - Pessoas que nunca fizeram muita coisa, não são particularmente inteligentes, mas que conseguiram ter oportunidades e aproveitá-las. Aqui sim, tratar-se-á de sorte. E é injusto, muito injusto.
- Tipo III - Pessoas que nunca fizaram nada de jeito, nunca se esforçaram, e têm a retribuição por isso. Também me parece justo.
- Tipo IV - Pessoas que sempre fizeram tudo bem, que sempre se esforçaram na escola, na universidade, no trabalho. Que excedem expectativas, que cumprem tudo aquilo que é devido. E que, mesmo assim, nunca conseguem atingir os seus objectivos. Que, mesmo assim, não saem da cepa torta. Porque as condições não o proporcionam. Porque a sorte não os atinge, só o azar. Porque a sorte nem sempre protege os filhos da luta.