Pronto, vou falar sobre isso - Caxias
Ok, não vou falar sobre o caso especificamente - porque, lá está, não tenho conhecimentos válidos para falar sobre isso -, mas apetece-me falar sobre este loop de opiniões. Contra mim falo, claro está, que sou uma "Miúda Opinativa", mas faz-me confusão a rapidez com que se formam opiniões que rapidamente se transformam em verdades absolutas e irrevogáveis. Tão irrevogáveis, claro, como a decisão de Paulo Portas no Verão de 2013.
A mãe das meninas, quando se falou a primeira vez do caso, era uma maluca que matou as filhas. Depois, afinal não - afinal era vítima de violência doméstica, uma mártir que preferiu morrer e levar as filhas para a morte a deixá-las com um pai abusivo. Aqui, o monstro, para além do pai, era o Estado, que deixou que tudo isto acontecesse, que face às queixas de violência doméstica e de abuso sexual não fez nada. Nesta mesma altura já tinha comentado com a minha mãe que me fazia confusão a rapidez com que se formam e mudam opiniões e "a ver se não se descobre que afinal as queixas não eram fundamentadas e que afinal a mulher queria incriminar o marido, ou ex-marido, ou lá o que era porque era maluca" (sim, eu sou um bocadinho twisted). E entretanto chegámos a isto: evidências sugerem que afinal o pai fez queixa antes da mãe, que afinal a mãe terá, alegadamente, "inventado" a violência doméstica e os abusos sexuais e que até apresenta quadros de perturbação piscológica. E agora, face a tudo isto, a mãe é um monstro, o pai é um santo, e o Estado não é eficaz a lidar com assuntos desta índole.
Eu acho muito bem que as pessoas tenham opiniões, que as pessoas discutam sobre a atualidade - seja ela qual for. Mas faz-me alguma confusão, como já disse, a rapidez com que as opiniões se desenvolvem em verdades absolutas inequestionáveis. Como uma opinião se transforma num "eu é que sei, ela é uma besta", sem se saber exatamente tudo o que se passou, como é que se passou.
Passou-se o mesmo em 2007, com o McCann, que passaram de bestiais e bestas em tão pouco tempo. Em que de vítimas passaram rapidamente, as olhos da opinião pública - que não tinham os conhecimentos do caso para tal -, para monstros, capazes de matar a filha, fazer desaparecer o corpo e montar todo aquele "espetáculo". Isto numa altura em que a única culpa que poderia ser efetivamente apontada - e que não era pouca, atenção - era o facto de terem deixado 3 crianças pequenas a dormir num quarto de hotel sozinhas.
Atenção, não estou com isto a dizer que a mãe das meninas não possa ser, de facto, uma pessoa doente, louca ou criminosa; no entanto, acho que é preciso ter alguma cautela com os juízos precoces de valor, com as opiniões precipitadas sobre situações e pessoas que não conhecemos. Porque corremos o risco de fazer de mártires monstros. Ou vice-versa.