Perdoar e Esquecer
Há uns dias, os Destaques do Sapo mostraram-me este post. Julgo que não conhecia o blog, mas o título chamou-me a atenção. Dizia a autora, como poderão ler, que não concorda com a ideia de que "perdoar é um acto de coração e esquecer um acto racional". E bem... Eu concordo com a Cristina. De tal modo que decidi escrever aqui sobre isso.
Eu tenho uma memória auto-biográfica extremamente apurada. A sério. Sou conhecida por isso. Lembro-me de coisas que acontecerm há anos, muitas delas sem qualquer relevância, e com um nível de pormenor que chega a ser ridículo. Às vezes lembro-me do que tinha vestido ou o que é que tinha comido ao almoço. E isto gera situações muito engraçadas (eu voltei ao contacto com o meu namorado precisamente por causa da minha memória), mas também leva a que eu simplesmente não consiga esquecer certas situações - algumas das quais eu gostaria muito de esquecer. Mas simplesmente... Não consigo. E quando me esqueço, não é por "conseguir" - ou seja, não é o tal acto racional. É porque, simplesmente, já não me lembro da situação.
Perdoar não. Perdoar exige uma reflexão da minha parte e uma decisão por se vale ou não a pena perdoar. Não se trata de esquecer; trata-se, pelo contrário, de apesar de me lembrar, decidir, racionalmente, que não quero que determinada situação estrague determinada relação. Mas para perdoar é preciso lembrar. Porque se não me lembrar... Estou a perdoar o quê?
Sim, perdoar também é um acto de coração. Mas é um acto racional.