O Amigo Andaluz
Há umas semanas, numa ida à Fnac, comprei em promoção o livro "O Amigo Andaluz", de Alexander Söderberg. Chamou-me a atenção a capa, o desconto apresentado e o facto de ser um policial sueco.
Eu gosto de policiais e como já devem ter reparado, gosto de policiais suecos. A saga Millenium, que eu já li toda, abriu as portas do estrangeiro aos escritores nórdicos e a verdade é que tenho lido histórias muito boas.
Este livro, no entanto, prometia algo diferente. A maioria dos policiais nórdicos que tenho lido baseiam-se numa mesma premissa: há um mistério inicial (normalmente um assassinato) e toda a história se desenvolve na resolução desse mistério. O Amigo Andaluz é algo diferente. Não existe um mistério inicial, apresentando, antes, uma história de traficantes de droga, de polícias e de pessoas "comuns" que, do nada, se encontram numa grande confusão.
Esta premissa pareceu-me, inicialmente, muito interessante. No entanto, no decorrer do livro, percebi que não foi muito bem concretizada. O problema até pode ter sido meu; contudo, ao ler outras críticas, percebi que muita gente sentiu o mesmo que eu.
A história começa bem, quase a fazer lembrar o início de um filma de acção: temos um prólogo onde há uma perseguição e não percebemos muito bem o que está a acontecer. Depois, na primeira parte, começa a história, 6 semanas antes desta perseguição.
E deparamo-nos com uma história de 2 cartéis de droga rivais que se atacam mutuamente e de um conjunto de polícias que mais tarde - e não tão tarde assim - vimos a descobrir que são todos corruptos.
O problema da história, na minha óptica, é que tem muitas personagens e muitas vezes o autor perde-se nos relatos que faz. Ficamos sem perceber muito bem o que está a acontecer e porque é que está a acontecer. Ficamos perdidos, pronto. O autor é argumentista e acho que esta forma de contar histórias resulta muito bem em filmes ou na televisão, mas não tanto em livros.
Por outro lado, é também visível as influências cinematográficas - más -, no final do livro. Estão a ver aqueles filmes americanos em que no fim metade do elenco é assassinado? Pois, foi mais ou menos isso que aconteceu. Não me convenceu.
Ainda assim, torna-se interessante ver como as personagens que à partida seriam más - os traficantes de droga - são as boas pessoas e as personagens que à partida seriam boas - os polícias - são as más pessoas. Enfim, é um bocadinho cliché - o polícia corrupto e o traficante de droga que apesar de o ser, é um fofinho e galã -, mas é sempre giro.
Este livro é o primeiro de uma trilogia - a Trilogia Brinkmann -, e não, não me convenceu o suficiente para comprar o segundo.