Jackdaws - Nome de Código: Leoparda
No Domingo à noite (viva as insónias!) acabei de ler o meu primeiro livro em formato digital, o Jackdaws (em Português, Nome de Código: Leoparda), de Ken Follet.
Depois do último livro que li deste autor, e sobre o qual mandei esta posta de pescada, não tenho tido grande vontade de ler nada dele. Eu sou uma daquelas pessoas que depois de se desiludir com alguém, demora a voltar a confiar - se é que volto, de facto, a confiar.
Mas a oferta do Kindle veio alterar ligeiramente esta minha posição. A verdade é que Ken Follet escreveu, tal como já escrevi aqui, uma das minhas séries de livros favorita de todo o sempre, a Trilogia O Século, e outros livros que embora não sejam tão espectaculares, também são bastante bons - destaco, por exemplo, o seu Estilete Assassino.
Assim, decidi que lhe ia dar uma nova oportunidade, sobretudo porque esta nova oportunidade não implicaria gastar 20€ num livro que depois me iria desiludir.
Optei, então, por Jackdaws, por ser um romance passado na II Guerra Mundial (eu tenho uma panca por esta época) e por abordar a força das mulheres e a importância que elas assumiram para a vitória dos Aliados. Sim, se é para falar de Girl Power, estou lá para ouvir.
A Sinopse (retirada daqui):
A duas semanas do Dia D, a Resistência Francesa planeia um ataque crucial ao maior centro de comunicações das tropas alemãs, instalado num antigo castelo em Sainte-Cécile. Na liderança desta missão está uma das mais valiosas agentes das operações especiais britânicas, Flick Clairet. A investida acaba por falhar e ter consequências devastadoras, deixando os alemães de sobreaviso. Abalada pelas baixas sofridas, a confiança de Flick começa a fraquejar.
Impõem-se medidas drásticas. Flick sugere um plano arrojado: formar uma equipa exclusivamente feminina, as Gralhas, e infiltrarem-se no castelo disfarçadas de empregadas de limpeza. Entretanto, os alemães têm acesso a informações cruciais e já escolheram o seu alvo - a própria Flick.
Arriscada e repleta de imprevistos, o sucesso da operação dependerá de quem souber esconder melhor os seus segredos. Nome de Código: Leoparda é mais um romance de Ken Follett, pleno de aventura e emoção.
A minha opinião (e posso mencionar spoilers):
Não me desiludiu como a Contagem Decrescente, mas também não me encheu as medidas como o Estilete Assassino (óbvio que nem vou falar da Trilogia).
Embora o final da história fosse bastante previsível (quer dizer, os Aliados invadiram a Normandia quando os Nazis já estavam a perder a guerra, era um bocado óbvio que a missão seria bem sucedida), a leitura consegue ser empolgante, no sentido em que queremos saber como é que a história se desenrola para culminar naquele final. Quem é que morre? Como morre? Como é que elas vão resolver a situação? Enfim, consegue prender por umas boas horas.
No entanto, não me conseguiu satisfazer como outros livros conseguem. Talvez porque apesar de ser empolgante, muitos desenvolvimentos acabam por ser bastante previsíveis (do género, "A sério?! Óbvio..."). Talvez porque as personagens poderiam ser melhor desenvolvidas. Ou talvez porque (e se calhar é mesmo por isto) sinto que a fórmula deste autor está muito usada e gasta. Porque no meio daquilo tudo tem que haver sempre uma história de amor, mais ou menos forçada, porque é óbvio (ironia) que duas pessoas que não se conhecem se vão apaixonar à primeira vista e cometer loucuras em nome do amor. E é óbvio (ironia novamente) que por causa desse amor se desenvolve um sexto sentido apuradíssimo.
Não é que tenha alguma coisa contra histórias de amor - não são o meu género literário favorito, mas não tenho nada contra -, mas faz-me confusão que numa história sobre a coragem feminina, sobre como mulheres completamente diferentes conseguiram, apesar de todas as dificuldades, unir-se e lutar em conjunto, tenha que ser incluída uma história de amor de cordel que, ainda por cima, parece meio descontextualizada, apressada e exagerada. Como se uma mulher só pudesse ser completamente realizada se um soldado americano se apaixonar por ela e lhe propuser casamento quase imediantamente.
Soldado americano esse que, note-se, guardou uma escova de dentes que eles tinham partilhado depois de uma noite de amor intensa e na qual, depois de se terem separado, tocava frequentemente como se fosse uma espécie de amuleto da sorte. Só por coisas.
Não foi um livro mau, foi um livro que me conseguiu prender por algumas horas, lê-se bem, mas não penso que seja um livro que ficará marcado na minha memória.
Dei-lhe 3 estrelas no Goodreads.
Acho que ainda não vou desistir do Ken Follet (quero ler, por exemplo, Uma Terra chamada Liberdade) mas acho que para este autor vou continuar a utilizar os e-books.