Fraude
Na semana passada, foi-me dito, no trabalho, que iria receber bónus. E é a primeira vez, na minha vida profissional, que recebo bónus. Entre estágios, experiências mal sucedidas e trabalhos meio estranhos, este é o primeiro trabalho que considero, de facto, um emprego. E que tem estas coisas boas.
Estou neste meu trabalho desde Maio do ano passado - há menos de 1 ano, portanto. Mas há alturas em que parece que estou lá há uma eternidade. Por tudo o que aconteceu desde o dia 10 de Maio de 2017, o meu primeiro dia.
Por outro lado, o meu trabalho tem sido valorizado. Por todas as "eficiências" que criei, por todos os colaboradores que recrutei (e passaram a barreira dos 6 meses), pela relação que criei com os managers, com os colaboradores, pelos insights que tenho dado. O meu trabalho tem sido valorizado e a verdade é que, desde o dia 10 de Maio de 2017, me têm sido dadas mais responsabilidades - com tudo de bom e mau que isso traz.
No entanto, apesar de todo o feedback positivo que recebo do meu chefe, não consigo deixar de achar que ele está enganado, que estão todos enganados sobre mim. Que eu não sou assim tão boa a fazer Recrutamento (coisa que eu nem sequer adoro), que se calhar eles é que são pouco exigentes e, por isso, eu correspondo às suas expectativas. Que se calhar, o termo de comparação é que também não é espectacular e, por isso, eu pareço melhor do que sou.
Alturas há em que não consigo deixar de achar que sou uma fraude.
Alturas há em que, no fundo, continuo a ser só aquela miúda de 13 anos insegura.