Ficar presa no Aeroporto de Amesterdão - Parte 3
Chegámos finalmente ao balcão e deparámo-nos com um cenário oposto aquele que tínhamos encontrado no dia anterior. A fila pequena era, naquela altura, gigante. Enorme. Depois de nos termos colocado no nosso lugar na fila, percebemos que um funcionário do aeroport estava a desfazer essa fila. O objectivo dele era alargar a fila, de forma a ocupar menos comprimento; no entanto, o que era uma fila organizada tornou-se num... amontoado de gente confusa. Como achámos que o senhor poderia fazer algo mais útil, perguntámos-lhe se nos podia dar algumas informações.
Diálogo:
- Não, não vos posso dizer nada. Não sei.
- E não pode ir perguntar à sua colega lá à frente?
- Não.
- Ok... então e o que é que pode fazer?
- O meu trabalho é ajudar-vos.
- Mas para nos ajudar tinha que nos trazer informações.
- Mas isso não posso fazer.
- Então o que pode fazer? Tornar isto uma grande confusão? Então não está a fazer o seu trabalho, porque não nos está a ajudar.
Ainda estivemos naquela fila algum tempo (não sei precisar quanto). Havia, mais uma vez, apenas uma funcionária a atender. Até que apareceu outra pessoa que comunicou algo. Não ouvi o que seria porque, mais uma vez, a forma de comunicação foi gritar e apenas as pessoas que estavam na primeira fila é que ouviram algo. O que não era o meu caso.
O que nos valeu foi que as pessoas ajudam-se e passaram a mensagem. E a mensagem foi boa: a TAP tinha marcado um voo extra para o dia seguinte às 8 da manhã para quem estava naquele avião que não tinha saído. BOA! Lá fomos para as máquinas de check-in e em 5 minutos tínhamos os nossos bilhetes. Mas acho que a TAP falhou - obviamente não tiveram culpa que o aeroporto tivesse fechado e obviamente que não tiveram culpa do nevão; no entanto, podiam ter enviado uma SMS, um e-mail, o que fosse, a dar esta informação... Não?!
Depois, e porque já era tarde, decidimos ir buscar comida enquanto outro casal amigo que entretano havia encontrado ia reservar camas para a zona de campanha. Burger King outra vez, pois está claro - até porque a maioria dos outros restaurantes estava a fechar.
Quando chegámos à zona antes das camas, esse casal disse-nos que lhes tinham dito que já não havia camas mas que ficássemos por ali que podia ser que nos chamassem. E assim fizemos.
Tínhamos começado a comer há 5 minutos quando nos dizem "podem vir". E para compreender o que se passou a seguir é preciso relembrar que aquela já seria a segunda noite que eu passava no aeroporto, que não tomava banho nem tinha uma refeição decente há 2 dias. Que estávamos a ficar ligeiramente desesperados.
E o que é que se passou? Um grupo de 6 pessoas, entre os 26 e os 30 anos e que incluía uma advogada, uma médica, uma psicóloga e outra formada em psicologia (eu), um geógrafo e um músico, foram a correer para as camas, com hamburgers, batatas fritas, bebidas, malas e casacos pendurados na cabeça. Quando nos sentámos, só me deu vontade de rir.
Mas a verdade é que naquela noite, as coisas já eram diferentes. As pessoas estavam mais cansadas, havia menos camas e havia polícia armada. Sempre fixe.