Dilemas internos
No outro dia conversava com os meus pais sobre o meu maior dilema interno - permanecer ou não no meu trabalho.
Eu gosto do meu trabalho. Gosto do que faço - apesar dos pesares e de querer fazer mais -, gosto da empresa - apesar das limitações -, gosto do ambiente, das iniciativas, gosto do meu chefe e gosto da maioria dos meus colegas e das pessoas com quem trabalho mais proximamente. Além disso, julgo que as pessoas gostam do meu trabalho e de mim. O que é fundamental.
No entanto, há o outro lado da moeda. O lado que me paga mal para aquilo que o mercado está, em teoria, a oferecer. O lado que me faz perder, à vontade, três horas em commuting. O lado que me faz acreditar que, independentemente da qualidade do meu trabalho, não terei grande possibilidade de evoluir.
E tudo isto aborrece-me. Porque ando cansada de andar para trás e para a frente e de parecer que metade da minha vida é perdida em transportes. Porque quando olho para o futuro, não gosto de me imaginar, daqui a 1 ano, a fazer praticamente o mesmo que estou a fazer hoje - que é praticamente o mesmo que fazia há 1 ano.
Eu quero mais. Eu preciso de mais. Preciso de uma função e de tarefas que me desafiem. E sim, preciso de perder menos tempo da minha vida em commuting.
Mas admito que o facto de gostar da minha empresa, do ambiente, do meu chefe e dos meus colegas me faz querer lá ficar. Me faz querer estar mais tempo com aquelas pessoas, trabalhar mais com elas e desenvolver mais iniciativas para elas e com elas.
Enfim, obviamente que uma possível mudança de trabalho não dependerá só de mim; no entanto, a qualidade da procura de emprego sim, depende. E essa está condicionada por este dilema interno:
Quero realmente mudar? Quero realmente mudar já?