As voltas que a vida dá
Quando entrei na Faculdade de Psicologia, há quase 10 anos, não sabia muito bem o que queria fazer com o Curso. O meu objectivo era "compreender o comportamento humano" (quem é que entra em Psicologia sem ter este objectivo? Ninguém. E sim, aos 18 anos somos ingénuos e parvos XD) e sabia que não queria ser Psicóloga Clínica (faço parte do 0.5% de alunos que quando entram em Psicologia nem sequer considerava essa hipótese - a maioria dos caloiros pensa que pode ser uma alternativa bastante possível).
Por outro lado, quando me diziam "vai para Recursos Humanos, é a única área da Psicologia que dá emprego", eu mandava essas pessoas dar uma volta. "Que seca", dizia eu.
Quando eu entrei em Psicologia, não sabia muito bem o que fazer, mas achava que podia ter alguma coisa a ver com Psicologia Educacional.
Acontece que depois do primeiro mês em Psicologia, desiludi-me com esta ciência. E deixei de querer Psicologia Educacional e fiquei sem saber de todo o que poderia fazer. Podia ter saído? Poder podia, mas para isso era preciso que eu soubesse para onde queria ir em alternativa.
Os anos foram passando e acabei por seguir, no Mestrado, uma outra área, menos conhecida, mas muito virada para a investigação social. "Ahhh, então descobriste que querias fazer investigação?" Não, ah ah. Na verdade, essa era uma área que, achava eu, também me abriria portas para trabalhar em Publicidade. Também gosto de Publicidade e para quem estava desiludido com a Psicologia, era uma possibilidade de trabalhar em algo fora dessa área sem desperdiçar os anos de formação.
Acontece que a teoria nem sempre se aplica na prática e tirando um estágio curricular de pouco mais de 2 meses, nunca consegui entrar na Publicidade. Óbvio que não, por razões muito práticas: a área onde eu queria trabalhar, Planeamento Estratégico, é uma área que só existe em grandes agências. É um mercado muito pequeno. Adiante. Fiz um estágio profissional em Estudos de Mercado e meses depois, acabei por ir parar a uma empresa de Trabalho Temporário como "Consultora de Recursos Humanos Estaiário"- o meu primeiro contacto com os Recursos Humanos. Não gostei particularmente.
Mas a vida é uma coisa engraçada. Não gostei, voltei para a Faculdade, estive a fazer Psicologia Educacional. E quando comecei a fazer a Tese, direccionada para o aconselhamento de carreira, comecei a pensar que se calhar ia trabalhar em Recursos Humanos, porque era isso que eu queria fazer.
Volta não volta... Foi mesmo isso que aconteceu.
Estou a acabar agora a Pós-Graduação em Gestão de Recursos Humanos e tirando questões administrativas, posso dizer que gostei. E estou a trabalhar num Departamento de Recursos Humanos de uma empresa e... estou a gostar bastante (apesar de todo o trabalho. Ou por causa de todo o trabalho).
E a vida é engraçada. Aquilo que eu dizia que não queria fazer é, afinal, aquilo que estou a fazer. Primeiro porque, de facto, era a área onde consegui arranjar "qualquer coisa" (a tal de Trabalho Temporário). Mas depois porque gostei. Gosto.
O mais irónico disto tudo? A minha Tese em Psicolgia Educacional seria sobre o Planned Happenstance no desenvolvimento de Carreiras...