A grande notícia / novidade da semana
Ontem caiu a bomba. Pois então parece que as crianças portuguesas são as que passam mais horas por semana nas creches, cerca de 40 horas por semana. E os jornais começaram a publicar esta notícia com grande alarmismo, porque estamos muito acima da média europeia, porque isto signfica que as crianças passam cerca de 8 horas por dia nas creches quando, na verdade, deveriam passar no máximo 6 horas.
Ora... Eu cá vejo isto com um certo optimismo. Então... Se, por norma, uma pessoa que trabalhe por conta de outrem trabalha, efetivamente, 8 horas por dia, 40 horas por semana, a mim parece-me óptimo que as crianças só estejam nas creches as mesmas 8 horas por dia. Quer dizer, signfica que o tempo que os pais demoram entre a creche e o local de trabalho e entre o local de trabalho e a creche é inexistente... Por isso, qual é a surpresa negativa nesta notícia?
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Obviamente que estou a ser irónica nas minhas palavras. Obviamente que nada disto é uma boa notícia. Mas também não fico surpreendida e estranho quem fica. Quer dizer... Se os pais das crianças trabalham 8 horas por dia, 5 dias por semana (40 horas por semana, portanto), como é que poderia ser esperado que as crianças não estejam tanto tempo nas creches?
Eu não tenho filhos. Mas a verdade é que esta é uma das razões que me leva a adiar a maternidade. Não me sinto preparada para ter filhos e deixá-los tanto tempo numa creche (ou com a minha mãe). Porque o facto de deixar as crianças com os avós, quando os avós têm essa disponibilidade, apenas contorna o problema, não o resolve. É como tentar pôr um penso rápido numa mordidela de guaxinim... Até resulta durante uns minutos, mas tem que ser rapidamente trocado. E aqui é a mesma coisa. Eu até posso deixar os meus filhos com os avós, e não tenho dúvidas que são ainda mais capazes que eu para educar crianças. Mas continuo a não ser eu a ir buscá-los à escola e a ter contacto com os professores. Continuo a não ser eu que vou com eles às atividades extracurriculares. Continuo a não ser eu a fazer uma série de coisas que gostava de ser eu a fazer.
E de cada vez que oiço falar em medidas natalistas, penso nisto. Que tão importante como proprocionar-se abonos família ou outro tipo de apoios financeiros, deveria existir uma grande reestruturação laboral para que, de facto, os pais consigam estar com os filhos.