Estava eu no carro na sexta-feira ao final da tarde, a ouvir o Fernando Alvim e a sua Prova Oral, quando eles se questionaram sobre quem é que iria assumir o programa da Cristina Ferreira na segunda-feira. Como assim??? Não estava a perceber. A Cristina Ferreira tinha saído da SIC? O que é que tinha acontecido?
Liguei para a minha mãe (calma, pessoas, o carro tem sistema de alta voz) e ela não sabia nada. Pronto, quando cheguei ao meu destino, já me tinha mandado uma mensagem a dizer que tinha regressado à TVI e eu lá abri o Facebook para perceber o que tinha acontecido.
Bom, goste-se ou não se goste, a Cristina Ferreira é uma mulher de poder, que se sabe movimentar. E isso é, sem dúvida, de louvar. Woman Power.
Por outro lado, e independentemente de gostar ou não gostar do estilo dela (que, admito, não gosto), considero que, como dizia o outro, "com o poder vem a responsabilidade". E acho pouco simpático (que é como quem diz... pouco profissional) comunicar numa sexta-feira que na segunda já não se vai trabalhar. Acho que é desrespeituoso para quem há dois anos lhe deu aquilo que ela queria - um programa à sua medida. Mesmo que, como entretanto a comunicação social veio a escrever, entretanto não lhe tenham dado realmente tudo o que ela queria (e eventualmente acordado), não acho bonito.
Mas o que sei eu? Afinal, eu não sou nenhuma Cristina Ferreira, passo de trabalho em trabalho sempre à procura de algo que se calhar nunca vou encontrar. Mas, curiosamente, dou sempre o pré-aviso devido...
Há umas manhãs, num dos meus passeios com o Loki, dei por mim a pensar nisto.
Quando somos crianças, quer-se que tenhamos sonhos e parece que tudo é permitido. Podemos sonhar ser astronautas, jogadores de futebol, atores, cantores. Se tudo estiver a correr bem na infância, o sonho e a imaginação fazem parte das nossas vidas, como é retratado na música "Sonho Meu", que abria a novela da Globo com o mesmo nome (é uma criança dos anos 90 que vos escreve).
Mas os anos vão passando e as coisas vão mudando. E aos 31 anos, já ninguém me pergunta "quais são os teus sonhos?", ouvindo, antes "quais são os teus objetivos?". Talvez seja uma questão apenas semântica porque, no fundo, as respostas poderão ser exatamente iguais. Mas... também poderão não ser.
Talvez seja por estar numa fase assim meio estranha, mas parece-me que aquilo que está por trás de um sonho será diferente daquilo que está por trás de um objetivo. Ou a forma como se vivem sonhos é diferente da forma como se vivem objetivos.
Será um sonho algo mais irrealista, imaginário e, por isso, não vale a pena, a partir dos 30, sonharmos, uma vez que temos que pensar em concretizar os nossos objetivos, algo mais concreto?
Ou será que é mesmo só uma questão de semântica e podemos considerar sonhos e objetivos como sinónimos?
Ou será que depende, na verdade, de quais são os sonhos ou objetivos e não tanto destas expressões?
A verdade é que eu gostava de conseguir continuar a sonhar... Mas, admito, tenho cada vez mais dificuldade em fazê-lo. Talvez porque tenho uma certa dificuldade em atingir os meus objetivos... Que também tenho dificuldade em definir.
Nas últimas 2/3 semanas, tem-me custado muito mais trabalhar e manter a concentração ao longo do dia. Logo eu, que digo, desde há 4 meses, que adoro teletrabalhar e que isto para mim é ótimo.
Até ontem, achei que esta dificuldade de concentração fosse consequência de um estado meio apático em que tenho vivido, apenas diminuído pelo meu Loki. No entanto, embora os issues se mantenham, a minha atitude face a eles parece estar a mudar. Então, porque mantenho a dificuldade em concentrar-me?
Ontem cheguei a uma conclusão. Para além de tudo o resto, terá a ver, certamente, com o facto de ainda estar em casa. E é ótimo, não me queixo, mas agora sim, traz algumas consequências.
Em primeiro lugar, em casa não tenho ar condicionado. Posso tar de calções, chinelos e top, mas não consigo evitar o calor.
Mas o factor psicológico influencia ainda mais. Apesar de já ter saído da faculdade há 8 anos (old lady) e de já não fazer "férias grandes" no Verão há 5 anos, ainda associo esta época do ano a férias e descanso. E para o meu cérebro e coração, que ainda fazem esta associação, é estranho estar em casa no verão (lugar e época normalmente associados ao lazer) e estar a trabalhar. Fica confuso, apesar de estar já a trabalhar em casa desde Março.
Enfim. Resta-me esperar pelas férias, que não sei quando irão chegar.
Quis a vida que a minha vida profissional se desenvolvesse dentro da área dos Recursos Humanos.
(E sim, digo "quis a vida" porque a sensação que tenho muitas vezes é que eu não tive grande influência nesta decisão. O meu primeiro trabalho nesta área não seria, de todo, a minha primeira escolha e só aceitei porque foi a única opção que surgiu em plena crise económica. 4 meses depois, desisti, decidi voltar a estudar, iniciei o meu segundo mestrado e 1 ano depois, candidatei-me a uma consultora de Recrutamento porque queria voltar a ir a entrevistas para treinar, mas nunca achei que fosse ser seleccionada. Quando fui, decidi aceitar, porque tive medo de voltar a não encontrar trabalho quando terminasse o segundo mestrado. Correu muito mal, mas já era tarde para voltar ao mestrado incompleto. Então, a partir daí fui-me construindo nesta área... com mais ou menos sucesso).
Ora, este meu percurso faz com que leia muitas coisas sobre esta área e sobre Employee Experience e assuntos "trendy". E ao passar os olhos no feed do LinkedIn e ao ler artigos sobre estas últimas tendências, poderia achar que o mundo do trabalho e as relações laborais entre colaboradores e empregadores estão a modificar-se. Em que já ninguém trabalha 12 horas por dia porque as empresas valorizam o equilíbrio entre a vida profissional e a vida pessoal, em que já não existem "chefes" mas sim "líderes", em que... Tanta coisa.
No entanto, a realidade a que depois assisto é diferente. Em que as empresas continuam a exigir aos seus colaboradores horas e horas de trabalho, em que as empresas não facilitam as férias (queres 10 dias seguidos de férias, mesmo que isso seja obrigatório? Não podes ter), em que as empresas exigem e exigem cada vez mais dos seus trabalhadores (e aqui não coloco o termo "colaboradores" de propósito) mas, ainda assim, tentam vender-se como "empresa atrativa".
E isto aborrece-me. A vida não é só trabalhar. Vejo as pessoas à minha volta (e eu) sem tempo para nada e cansados. Muitos, desanimados. Desanimados porque trabalham e trabalham num "dead end job", sem grande reconhecimento e seriam capazes de muito mais.
A cereja no topo do bolo? Ainda têm que se sentir agradecidos.
Este meu "blog" não é, de todo, um blog de destaque. Não tenho muitas visualizações (acho que fui hoje, pela primeira vez, consultar as estatísticas), não tenho muitos comentários e já nem publico com a mesma frequência com que publicava há uns anos.
Por outro lado, aquilo que esteve na sua origem (i.e., uma tentativa de colocar aqui as minhas... opiniões e postas de pescada sobre os mais variados temas, mas sem grandes relatos pessoais) transformou-se e falo mais sobre a minha vida pessoal e se calhar que alguém que me conheça passar por aqui, vai perceber quem é a Miúda Opinativa.
Mas dizia eu que ontem foi um dia supreendente. Porque o SAPO deu grande destaque ao meu post sobre a adoção do meu cão (foi a segunda vez que o fez) mas, sobretudo, pelos comentários que fui lendo ao longo do dia (aos quais gostaria de responder individualmente mas creio que não vou ter essa disponibilidade. Desculpem).
Adotar um cão foi, efetivamente, uma ótima decisão. Sei que fiz a diferença na vida do Loki mas, sobretudo, sei que ele fez diferença na minha vida. Há lá maneira melhor de acordar e vermos um patudo que está connosco há menos de 1 mês a saltar-nos para cima de alegria por nos ver? Sim, ficamos logo com outra disposição e parece que o dia tem potencial para correr melhor.
No meu caso, adotar um cão foi isto. Foi perceber que afinal sou capaz de tomar conta de outro ser vivo e fazer diferença positiva na sua vida. Perceber que em menos de 1 mês, este ser vivo que foi abandonado / se perdeu se tornou tão importante na minha vida (e na dos que me rodeiam). Perceber que eu também me tornei tão importante na sua vida.
E sim, isto também foi uma supresa. Sabia que, eventualmente, isto iria acontecer. Mas sabia que ia ser tão rápido.
Adotar um cão não pode ser uma decisão fácil porque há muitas coisas a ter em consideração e é preciso que sejamos responsáveis; no entanto, é uma decisão que, no meu caso, valeu a pena.
E agora sim, uma foto do Loki, que é um tímido e não gosta de fotografias frontais :)
Existem alturas complexas. Em que a vida vai correndo, com as mesmas alegrias de sempre e com as mesmas chatices de sempre. Ainda assim, nós não estamos normais e vamo-nos abaixo, sem sabermos muito bem porquê, nem como. Porque se as chatices são as mesmas de sempre, porque raio nos vamos abaixo?
Mas vamos. Vamos e acordamos durante a noite em sobressalto. Vamos e andamos desanimados. Vamos e sentimos que estamos em piloto automático. E tudo o que vem lá de trás, todos os nossos medos e inseguranças, voltam a acenar, como que a dizer "olá, velha amiga! Esperavas que já não estivesse por aqui? Pensa outra vez".
O grande problema disto é que acaba por ter uma enorme influência nos vários quadrantes da nossa vida. Na nossa vida profissional e nas nossas relações. E depois... a bolha explode e a merda espalha-se toda.
Nestas alturas, cai tudo. Até que alguém, e de forma, é verdade, meio abrutalhada, nos diz o que precisamos de ouvir. E nos dá a mão quando não aguentamos mais e apenas choramos, choramos e choramos.
Foi de forma meio abrutalhada, mas serviu. Já me estou a levantar. Ainda estou a apanhar cacos - acho que vou continuar a apanhar cacos durante o resto da minha vida - mas já me estou a levantar.
Em Agosto de 2018, escrevi isto. E fico triste por perceber que dois anos depois, este continua a ser um tema bem atual na minha vida. E fico ainda mais triste por perceber que se calhar, nem se pode culpar a maternidade. Às vezes, é só mesmo das pessoas.
Gostava de sentir que a questão se mantém: são as mulheres que são mães que se afastam das amigas sem filhos ou são as mulheres sem filhos que se afastam das amigas que são mães?
No entanto, infelizmente, cada vez acho mais que, no meu caso, é a primeira opção: são as mulheres que são mães que se afastam das amigas sem filhos - consciente ou inconscientemente. E isto aborrece-me. Aborrece-me porque ninguém depois será capaz de admitir que o faz e, já se sabe, a culpa é das "irresponsáveis que não sabem o que é ter responsabilidades".
É triste, mas é verdade - desde que o desconfinamento iniciou, ainda não estive com determinado grupo de amigas. Na verdade, a última vez que estive com esse grupo foi em Janeiro. Entretanto, viemos todos para casa e desde que começámos a sair, houve tentativas de nos juntarmos mas as tentativas partiram SEMPRE de quem não tem filhos - mas atenção, com programas adaptados a crianças. E quem tem filhos ou não respondeu ou nem fazia um esforço para estar. Contudo, tratando-se de programas que incluíssem apenas quem tem filhos... já dava. E isto é triste. Aborrece-me.
No entanto, se calhar devia aprender com isso e começar a combinar eventos paralelos. É isto.
Estávamos em pleno confinamento quando a minha irmã mais nova me enviou uma página de Instagram de cães. Comecei a ver a coisa e fui-me entusiasmando, ao ponto de ter começado a ver outras páginas. Mas tentei sempre manter uma certa distância emocional: eu gosto de cães, mas sempre tive algum "receio" de ter um cão num apartamento que passaria muito tempo sozinho.
Até que na página da UPPA descobri um cãozinho mesmo mesmo fofo. Era lindo, com uns olhos doces doces. E num impulso, mandei-lhes um email. Fui visitá-lo em Maio e quebrei. No entanto, as dúvidas continuavam - fazia sentido um cão de porte médio vir para um apartamento e passar tantas horas sozinho? Ele estava com um problema intestinal e foi a razão perfeita para eu ter mais tempo para decidir.
E foi em casa que percebi - na Uppa os cães são bem tratados mas não deixam de estar num abrigo com tantos outros cães. E embora ele vá passar algum tempo sozinho quando a vida regressar ao normal (ah ah), a verdade é que vai ter pelo menos uma humana a cuidar só dele. E decidi adoptá-lo.
No dia 10 de Junho, o Loki veio para minha casa. Tive muita sorte: não faz xixi nem cocó em casa, não ladra e não morde. É um cão muito muito meigo que só quer miminhos (mais até do que brincadeira).
Embora não se tenha a certeza, terá entre os 6 a 8 anos - é já adulto.
E nestas semanas, ainda não me arrependi. Pensei "eu tinha uma vida tranquila e agora é menos tranquila", mas não me arrependi. Porque a falta de tranquilidade (e o facto de nunca mais ir ter a casa limpa) é compensada pelo mimo. É compensada pela alegria com que ele me recebe das poucas vezes que o deixei sozinho (e tenho que o começar a deixar mais vezes...). É compensada pelo carinho com que ele me olhou e me deu a patinha e me deu beijinhos num dia em que tive uma crise de choro. É compensada por ver que o seu olhar já se transformou. Ele tinha um olhar doce mas triste; agora, tem um olhar doce e embora às vezes desconfiado, já é mais alegre :)
É um doce. É um mimado e fica chateado quando não lhe dou atenção. É o meu cão :)
Acontece muitas vezes - demasiadas vezes - o senhor cão fazer o que tem a fazer e eu também fazer o que tenho a fazer (entenda-se... apanhar o seu cocó do chão) e depois andar a passear o saquinho durante um bom bocado até encontrar o caixote de lixo seguinte.