Ao final de 2 meses, começo a ficar depressiva e triste com a situação Covid / Pandemia / Isolamento / Mudança de hábitos. Tudo.
É verdade que continuo a acreditar que esta experiência me trouxe coisas positivas. Comecei o Yoga, descobri que afinal consigo ir de minha casa até ao paredão a correr sem pôr em causa a minha segurança (o que me vai dar jeito quando... se... quando a vida voltar ao normal e no verão não conseguir estacionar ao pé da praia) e estou a pensar adoptar um cão. Descobri que afinal até me safo na cozinha e gosto. Voltei a ler com mais frequência e vi séries que estavam na To See há algum tempo. Foram dois meses com algumas coisas positivas.
Mas passados 2 meses, começo a sentir-me a quebrar face à perspetiva dos próximos meses. Vejo a "novidade" dos semáforos na praia e sinto-me triste. Vejo a perspetiva da crise económica e sinto-me triste (e ligeiramente em pânico). Imagino-me a ir ao supermercado (não ponho os pés num há quase 1 mês) e sinto-me... triste. Não nado há 2 meses e sinto-me triste (e a natação, a par da corrida - e às vezes ainda mais que a corrida - é o que eu usava para me sentir menos triste). Sinto-me só triste.
Às vezes penso "como é que chegámos até aqui, será que isto seria mesmo necessário". Sinto-me zangada. E sinto-me... Triste. Overwhelmed. Ansiosa. E a entrar num loop pouco simpático.
Até ver, a minha vida continua igual. Continuo a trabalhar em casa (e ainda bem), continua a não me apetecer ir às compras (e uma das 1001 vantagens de viver sozinha é conseguir abastecer-me para não ter que ir muitas vezes às compras... Boa gestão de matéria-prima e do espaço permite-me isto, ah ah!), tenho algum receio que a coisa piore mas entendo a economia não pode estar parada ad eternum.
O que não significa que eu vá contribuir muito para este alavancar da Economia... Não me vou inscrever no ginásio tão cedo porque não me apetece stressar naquele que é um momento de lazer (estar à espera numa fila para entrar no ginásio não faz parte da minha natureza...). Não sei se vou voltar a ir a restaurantes e certamente não vou voltar a viajar tão cedo (snif...). No entanto, eu e o meu namorado já combinámos que podendo, em Outubro, quando eu puder tirar férias, passamos uns dias no Algarve, para eu lhe apresentar o Algarve para lá das praias (Yei! Ele é daquelas criaturas que não gosta do Algarve porque "não se faz nada e o que se faz não é grande coisa" - isto era razão para terminar, não era?), o que tem a vantagem de não precisarmos de marcar nada com antecedência... Tenho lá casa, basta pegar no carro e ir :)
Também não me vejo a voltar a ir às compras de roupa, por exemplo, tão cedo (ir às compras já era algo que me enervava por várias razões) e posso continuar a comprar livros pela internet (já comprava antes do isolamento, durante o isolamento comprei alguns e assim hei-de continuar).
Hei-de continuar a ir aos meus pais ao fim-de-semana (não havendo proibição de deslocações entre concelhos), mantendo a segurança e vou continuar as minhas consultas de psicologia online. A grande diferença face ao Estado de Emergência será, talvez, voltar a correr no Paredão. Correr na rua na minha zona não é fixe e sinto muita falta do Paredão. Mas se o vir muito cheio... volto para trás. Por isso, estou a rezar por fins-de-semana cinzentos e pouco convidativos a passeios. Ih ih ih!
Aquilo que realmente me apetece fazer, sinto falta de fazer, vou continuar a não poder fazer. Que é estar com os meus amigos em jantares descontraídos. Ir à rua sem me stressar. Não ter que utilizar máscara. Não me achar neurótica quando estou com o meu namorado por eu ser mais cuidadosa que ele.
Se calhar ajuda o facto de ter começado um trabalho novo no dia 1 de Abril, remotamente, e, portanto, não ter grandes relações sociais com as pessoas da empresa sem ser com as minhas colegas, com quem falo todos os dias. Se calhar, também ajuda o facto de não ser um animal social e, portanto, gostar de estar sozinha. Ou o facto de viver sozinha, não ter filhos em tele-escola nem ninguém a partilhar o mesmo espaço que eu 24/7. Tudo isto são factores que, eu sei, influenciam esta percepção... Mas são os meus factores e a minha vida.
Adoro acordar calmamente, tomar o pequeno almoço calmamente, vestir as "yoga pants" e fazer uma sessão de Yoga with Adriane (já vou no segundo plano de 30 dias). Adoro passar o dia de pantufas (apesar de me vestir mais ou menos normalmente) e de almoçar no sofá a ver alguma série ou na varanda (mesmo que almoce em 30 minutos).
Até já me habituei a treinar em casa e só não considero deixar definitivamente o ginásio porque sei que o meu corpo em geral e o meu joelho em particular precisa de reforço muscular que consigo melhor em ginásio (ainda assim, e tendo em consideração que com a mudança de trabalho cancelei a minha inscrição e não me inscrevi em mais nenhum, não me estou a ver a regressar enquanto a situação não estiver mais calma).
A desvantagem disto é que a conta da electricidade aumentou... Mas, em compensação, não ponho gasóleo no carro desde... Nem sei. Mas de resto... Tenho mesmo que voltar? NOOOOO!
Há algumas vidas, falei aqui sobre o Westworld. Tinha acabado de ver a primeira temporada e tinha adorado. Entretanto, vi a segunda temporada e continuei a adorar. Aquele final foi incrível.
Em Março começou a terceira temporada. E foi uma... desilusão. Não me prendeu minimamente, ao ponto de passar muito tempo a fazer scroll down nas redes sociais no telemóvel ou a falar por Whatsapp. Ao ponto de não conseguir resumir a série como deve ser. É triste mas é verdade.
Antes de mais, um pequeno disclaimer: entre 2008 (que foi quando eu descobri a série) e 2014, eu era viciada no How I Met Your Mother. Descobri no verão de 2008, enquanto estudava para os exames do 2º Semestre do 1º ano da Faculdade. E era o que me dava algum alento. O primeiro ano foi uma chatice, detestei o curso, e os exames do segundo semestre foram maus. Chumbei a duas cadeiras na primeira fase, adiei as férias para os repetir e... voltei a chumbar. Passei para o segundo ano por uma unha negra, uma vez que só podíamos deixar mesmo 2 cadeiras por semestre em atraso. Mas bem, estou a divagar. Até pareço o Ted. Ah. Ah. Ah.
Voltando ao tema: eu adorava o HIMYM. Identificava-me bastante com o Ted e achava que nós faríamos um casal fofinho, ah ah (a divagação é só um dos pontos que temos em comum), achava a Lily e o Marshal bem fofinhos, fartava-me de rir com o Barney (apesar de ter muito receio de encontrar um Barney na minha vida amorosa) e via na Robin características que eu gostava de ter. Foram 6 anos a ver a série religiosamente, tinha o genérico como toque do telemóvel e não admitia que alguém falasse mal da série à minha frente. Achava que tinha muita piada mas não era só uma série de comédia... Teve momentos bastante tristes (como a morte do pai do Marshal, ou o momento em que o Ted está na festa de inauguração do edíficio que desenhou ou o momento em que o Ted está sozinho no bar e se imagina a ir ter com a Mãe...) que imprimiam algum sentido de realidade à história.
Ao longo dos últimos anos, nunca revi a série do início ao fim... Vi alguns episódios, claro, e mais do que uma vez, mas assim, do início ao fim, nunca. Ora, ainda antes do início do isolamento, decidi que precisava de a rever... Precisava de uma comédia, com episódios de 20 minutos, para conseguir descansar a cabeça ao final do dia. Então, a escolha recaiu sobre o HIMYM (já tinha visto o Friends).
E passados 6 anos do final... Infelizmente, a minha opinião mudou um bocadinho. Continuo a achar a série muito boa (apesar de algumas incongruências ainda mais fáceis de identificar quando se vê a série assim), mas... enfim, existem algumas coisas que me começaram a irritar profundamente.
Nomeadamente, a Robin. A Robin foi, durante 8 anos, uma idiota para o Ted. Queria mantê-lo ali, à sua espera, para o caso de decidir que afinal queria uma família, ele estar à sua disposição. E ele, idiota, estava. Ele era sempre o Plano B (até depois de ela ter ligado ao Barney para pedir ajuda para encontrar o Medalhão, antes do casamento) e ele aceitava-o sempre, ia sempre ao fim do Mundo para a fazer feliz. Não conseguia envolver-se realmente com mais ninguém porque estava SEMPRE a pensar na hipótese remota de ficar com ela. Uma parte de mim ficou a achar que ele só ficou com a Mãe porque nessa fase a Robin e o Barney estavam casados... Caso contrário, não sei não. Podemos realmente culpar a Victoria por ter dito ao Ted "ou ela ou eu"?
Continuo a achar que a Robin tem características muito muito interessantes. Mas é altamente inconstante e incongruente e, lá está, é uma idiota para o Ted.
Claro que esta nova percepção (e que idiota fui eu há 6 anos) fez-me aderir ao grupo das pessoas que acharam o final ridículo. Há 6 anos, eu fiquei triste por não se ter explorado mais a relação do Ted com a Tracy (a Mãe)... Aparentemente, a personagem dela era mega interessante e quase não teve direito de antena. Mas não fiquei zangada por o Ted ter acabado com a Robin. Acho que fui uma romântica... Dizia "ok, é mau que a Mãe tenha morrido, mas pelo menos assim ficaram os dois felizes"... ESTÚPIDA! Lá está! Mais uma vez, será que a Tracy só teve espaço porque a Robin, naquela altura, estava casada? Mais um vez, o Ted foi a correr atrás da Robin! ARGHHH! Pronto, fiquei frustrada. Era uma romântica sem namorado na altura e agora, com namorado, tornei-me numa céptica XD.
Nota final:
Admito que ver a série no início dos meus 20 (e, portanto, longe dos 27, idade com que o Ted começa a história) é completamente diferente de ver com 30 (logo, 3 anos mais velha do que a idade com que o Ted começa a história). Dá outra perspetiva sobre a série... E claro que me põe também a questionar a minha vidinha. Mas isso são outros quinhentos.