Nos últimos dias, muito se tem falado da condição das mulheres portuguesas. Que, apesar de terem empregos, continuam a ser pior remuneradas que os homens ou que, em casa, continuam a ter à sua responsabilidade mais tarefas que os homens (ainda que, lá está, também trabalhem fora de casa). Como resultado, aparentemente, têm apenas 54 minutos para cuidarem de si.
E isto aborrece-me. Vivo sozinha e não tenho filhos, por isso, esta não será a minha luta enquando "ser individual". Sim, também ando sempre a correr - sobretudo porque trabalho longe de casa -, sim, também tenho a sensação que não tenho tempo para nada; no entanto, de resto, "trabalho para mim". Em casa, sim, sou só eu a lavar, limpar e a cozinhar mas porque, lá está, vivo sozinha.
No entanto, enquanto ser que vive em sociedade, não consigo deixar de ficar triste com esta situação. Porque continuamos a viver numa sociedade machista em que se as tarefas domésticas são partilhadas, a mulher é uma sortuda porque o marido ajuda. Porque continuamos a viver nesta sociedade em que, muitas vezes, são as próprias mulheres que acham que têm que fazer porque os homens, coitadinhos, não sabem fazer. Não sabem cuidar dos filhos, não sabem cozinhar como deve ser ou limpar com o mesmo brio. E os homens continuam a achar-se no direito de não fazer nada. Porque é assim que tem que ser.
Quando leio estes artigos, quando oiço estas opiniões, penso sempre nas sufragistas dos anos 20 do século passado. O que é que elas pensariam se assistissem ao que se passa atualmente. Porque, efetivamente, conseguiram aquilo que pretendiam - as mulheres não só ganharam o direito ao voto como começaram a trabalhar fora de casa. No entanto, o facto de terem começado a trabalhar fora de casa não faz com que exista igualdade. E, na verdade, a sensação que me dá é que hoje a mulher que trabalha fora de casa e faz tudo em casa, embora emancipada, tem uma qualidade de vida pior que as mulheres de outras gerações.
Não que eu ache, atenção, que as mulheres devem voltar para casa (embora pense que se quiserem, também não há mal nenhum nisso). Mas não consigo deixar de ficar triste por pensar o que é que essa emancipação significou. É uma emancipação fajuta, agridoce. E é triste.
Aqui me assumo: o meu namorado, com quem comecei a namorar aos 26 anos, foi o meu primeiro namorado a sério.
Até então, tinha tido alguns "namoricos" e affairs, amigos coloridos que não duraram muito tempo, e pouco mais. E assumo que isso aconteceu também por minha causa.
Porque, entre outras questões, tenho trust issues difíceis de ultrapassar. O que é que o meu namorado fez para que eu os ultrapassasse? Nada. Porque, na verdade, eles ainda cá estão. Mas escolhi não lhes dar importância. Viver de facto e não deixar de viver pela possibilidade de me magoar. De ele me magoar. Talvez tenha ajudado o facto de o ter conhecido noutra vida, quando éramos miúdos e a vida era mais simples e de me ter lembrado, com 26, que, de facto, a vida pode ser mais simples do que aquilo que a pintamos posteriormente.
Mas, como disse, os meus trust issues continuam por aqui. Se me perguntarem se eu confio no meu namorado, eu digo que sim... Mas que não ponho a mão no fogo por ele. Porque, na verdade, não ponho a mão no fogo por ninguém. Nem por ele.
A verdade é que todos os dias ouvimos histórias de traições e de enganos. De pessoas que confiavam noutras pessoas e essas pessoas, sem qualquer problema, as traíram, fosse de que maneira fosse.
O último caso que ouvi foi o cunhado de uma amiga minha. Casados há quase 8 anos, com 2 filhos e um cão (arranjado porque ele insistiu muito), ele andava a "conversar por mensagens" com a mãe de um colega de escolha do filho, mas "não aconteceu nada para além de alguns beijos".
Como é que isto acontece? Que tipo de pessoa é que faz isto? Que tipo de pessoa acha que dar uns beijos a alguém que não a sua mulher não é nada de mal? Aparentemente, eles já não estariam bem há algum tempo, but still. Se tens vontade de dar beijos a outra mulher que não a tua, então se calhar, antes de chegar lá... conversas com a tua mulher.
Sim, isto mexe muito comigo. O irónico é que, que eu saiba, nunca fui traída. Mas mexe muito comigo.
As redes sociais estão cheias de reclamações. Eu própria reclamo muito - não só por aqui mas, na verdade, na minha vida "real". Quantas vezes já escrevi aqui a queixar-me do Metro? É verdade que o Metro tira-me anos de vida, mas é também verdade que me queixo muito.
Mas penso que temos que ser também mais positivos. Se algo de bom acontece, temos que o escrever.
No fim-de-semana passado, fui à Clínica do Pêlo para a sessão habitual de depilação. Tinha lá ido em Junho e, em teoria, seria altura da sessão de manutenção. Cheguei, despi-me e quando a técnica chegou e olhou para o meu pêlo perguntou-me "mas está aqui a fazer o quê?". Aparentemente, o meu pêlo já não precisa de manutenção semestral. Aparentemente, agora será só necessário fazer antes do Verão e durante este tempo, ir tirando o que houver - que é pouco - com a lâmina.
Mas eu não sabia isso. A a técnica podia, perfeitamente, ficar caladinha e eu pagava a sessão. Mas foi honesta. Não viu o lucro como único objectivo. E isso é de louvar :)