Na terça-feira passada, vi o Fragmentado (ou Split, no original), de Shyamalan, com James McAvoy no principal papel.
Já há algum tempo que tinha vontade de ver este filme. A personagem de James McAvoy sofre de Transtorno Dissociativo de Personalidade (uma das Psicopatologias que eu considero mais interessante) e só isso tornou o filme como "de interesse" para mim. É verdade, eu não sou de Psicologia Clínica, não sou psicóloga, mas estas coisas para mim são suficientes para me porem alerta. Se calhar, a minha ida para Psicologia não foi assim tão despropositada como às vezes eu acho.
Bom, adiante.
De uma forma geral, gostei do filme, embora não o tenha considerado, de todo, genial. A forma como este transtorno é abordado parece-me razoável. Não entram em explicações demasiado científicas, mas permite-nos ter uma ideia de como funciona e do quão complexa esta psicopatologia é e das consequências que pode trazer. Como referi em cima, para mim é uma das psicopatologias mais interessantes. Já imaginaram? Uma pessoa ter mais do que uma personalidade e cada uma dessas personalidades ter características completamente distintas umas das outras e, por vezes, até incompatíveis. O ser humano consegue ser, de facto, fascinante.
O James McAvoy está simplesmente espectacular. Não é fácil interpretar, num único filme, tantas "personagens" diferentes, e ele fá-lo de forma brilhante. Aliás, acho que o melhor do filme é mesmo o James McAvoy.
Gostei, também, da forma como o filme foi realizado e da forma como intercalou a história principal com os flashbacks de uma das raparigas raptadas.
No entanto, não gostei do final - ou dos últimos 10 minutos, vá. Este é o realizador do Sexto Sentido, aquele filme que nos últimos minutos nos fez questionar a nossa capacidade de interpretar o mundo à nossa volta. E neste filme, isso não aconteceu. Nem era esperado, atenção, mas aquele final foi demasiado "tipicamente filme americano". Não gostei. Ainda assim, nos últimos segundos há uma referência a um outro filme deste realizador, o Protegido, que eu não apanhei (foi o meu namorado que me alertou para a coisa), mas foi giro.
Resumindo e baralhando: apesar deste final, gostei e sim, aconselho ;)
Anda aí a passar na TV uma camapanha publicitária da NOWO. Não me recordo exactamente do slogan, mas a ideia é poder ver, na mesma televisão, dois canais. Ao mesmo tempo.
E a minha questão é... Qual é o objectivo disto?
Eu tenho uma amiga, uma grade amiga, que vivia com os pais, os avós e ainda a bisavó. E não, a casa não era uma mansão. Na sala, havia 2 televisões e sim, as duas estavam muitas vezes ligadas ao mesmo tempo. Enquanto o pai dela via a bola, a avó via a novela. Não estou a gozar, era mesmo isto que acontecia. E o que é que isto gerava? Obviamente, uma grande confusão. Porque enquanto o jogo estava a acontecer, o relato não deixava ouvir a novela como deve ser. Era uma grande confusão.
Ora, o que eu imagino com este novo serviço da NOWO é exatamente a mesma confusão. Um vê a novela, o outro vê a série, e ninguém, na verdade, vê nada. Ou até pode ver, mas não consegue ouvir convenientemente. Ou será que não? Ou será que sou eu que ligo o complicómetro e gosto de estar concentrada a ver as minhas coisas?
Um dos problemas da Psicologia prende-se com o facto de não ser uma Ciência que a opinião pública tenha em grande consideração. Para quem está de fora, a Psicologia é uma pseudo-ciência, algo que se aproxima da astrologia (sendo que, muitas vezes, a astrologia é tida em melhor consideração que a Psicologia), e que, na verdade, não é nada de especial, porque todos ouvimos os problemas dos nossos amigos.
Enquanto estudante de Psicologia, ouvi coisas espectaculares sobre esta ciência. E a pessoa vai levando, porque, enfim, não quer causar confusão, não quer arranjar problemas. Mas é ligeiramente triste que, sendo uma Ciência tão importante e podendo ter um contributo para a sociedade tão relevante, seja levada tão a brincar.
No entanto, ao longo do tempo fui-me apercebendo de outra coisa: muitas vezes, são os próprios psicólogos que desacreditam a sua ciência e desvalorizam o seu próprio trabalho. Exemplo disso são os comentários que estes profissionais tecem sobre determinadas situações.
Exemplo: no jornal da SIC, um psicólogo comentou a situação do "jogador" de futebol que deu o pontapé ao árbitro (situação já de si triste e que merecia uma posta de pescada). Numa primeira fase, muito bem, referiu que provavelmente a alegada falta de memória não é possível numa situação destas - é um comentário que, na minha opinião, faz sentido, porque está a dar a sua opinião, com base na sua experiência e conhecimento, sobre algo. Mas logo a seguir, estraga o seu trabalho quando, depois de o jornalista perguntar se consegue traçar um perfil do "jogador", ele começa então a dizer uma série de coisas sobre a dita pessoa.
A minha questão é: com base em quê é que o psicólogo se baseia para traçar este perfil? Com base em que avaliações é que o psicólogo se baseia para dizer o que disse? Por acaso esteve com o homem em consultório? Por acaso falou com ele? Terá o homem respondido a questionários de personalidade? Não me parece.
A Psicologia é uma ciência. Não é algo que deva ser utilizado para "traçar perfis psicológicos" a pessoas específicas sem se ter contacto com elas. Digo eu, que não percebo nada disto.
É curioso. Estando nisto há tão pouco tempo, não deveria sentir-me desaparecida por ter estado 2 ou 3 dias sem vir à sapobloglândia. No entanto, foi exactamente assim que me senti. Desaparecida da sapobloglândia.
Talvez porque, na verdade, me senti a desaparecer do Mundo - e fazendo a sapobloglândia parte do Mundo, será natural, penso, que me tenha sentido desaparecida também daqui.
A verdade é esta: nesta última semana, a minha vida deu uma pequena volta e a disponibilidade mental para cá vir, para opiniar sobre assuntos mais ou menos sérios, tem sido pouca. Embora me tenha apetecido escrever, as minhas palavras acabam por ser aquelas mais pessoais - aquelas que eu não quero que as outras pessoas tenham acesso. Porque ter acesso a elas seria ter acesso à minha cabeça, ao meu estado de espírito. E isso eu não queria.
Estive desaparecida e sinto-me desaparecida. Mas vou tentar manter isto a funcionar.