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Opiniões e Postas de Pescada

Opiniões e Postas de Pescada

15
Mar17

Quando os pais fazem os trabalhos de casa com os filhos

Miúda Opinativa

Ora aqui está um tema que, fosse este blog um blog muito conhecido, era capaz de causar alguma celeuma. E mesmo não sendo, suponho que possa haver muita gente que me irá ler e possa dizer - e eventualmente comentar - e dizer "ai, menina, cuspir para o ar é muito bonito, mas um dia todo esse cuspo vai cair-te na cara!"

 

Cada vez oiço mais pais a dizerem coisas como "ai que seca, vou estudar com o Zezinho no fim-de-semana" ou "ai, oh Joana, tu este fim-de-semana também estiveste a estudar com a Francisca? Percebeste alguma coisa daquilo?". E isto a mim, que não tenho filhos e não sei se os quero ter, causa-me alguma confusão, sobretudo porque oiço este discurso a partir de uma idade cada vez mais precoce.

 

Vamos lá ver uma coisa: os alunos têm uma função - aprender. Os professores dos alunos têm outra função - ensinar - e para desempenharem essa função, tiveram que estudar. E não, não é por um pai ou uma mãe ter licenciatura, mestrado, doutoramento ou desempenhar funções no seu trabalho de elevada responsabilidade que isso faz dele habilitado a ensinar os seus filhos ou "ajudar" a estudar. Não é para toda gente e as pessoas não têm nem que saber ajudar os filhos a estudar nem sequer saber a matéria que os filhos estão a estudar.

 

E é aqui que, sinceramente, reside a questão que me faz mais confusão - o facto de eu ter um Mestrado em Psicologia não faz que eu saiba, por exemplo, resolver contas da forma como elas agora são resolvidas. O facto de eu ter estudado, de ter sido sempre boa aluna, de continuar a apostar na minha formação, de ler e de ser minimamente culta não faz com que eu saiba tudo e sim, posso não compreender coisas que agora são ensinadas aos miúdos na Escola - se eu algum dia tiver filhos e eles saírem a mim nas Físicas e Químicas, eu não os vou poder ajudar simplesmente porque eu não percebo nada do assunto. E não acredito que se não era a minha especialidade quando estava a estudar, não me vou sentir mais à vontade depois de estudar essas disciplinas à pressão para conseguir estudar com os meus filhos. Sinceramente, por mais boa vontade que os pais tenham em querer estudar com os filhos, penso que se acaba por incorrer num risco enorme, que é ensinar mal a matéria. 

 

O problema é que isto começa desde cedo. Parece-me que, agora, é suposto os pais fazerem os trabalhos de casa com os filhos. SEMPRE. O que é, parece-me, um bocadinho contra-producente. Porque se eu fizer os trabalhos de casa com os meus filhos e eles tiverem dúvidas e eu achar que lhes expliquei ao ter "ajudado" a resolve-los corretamente mas, na verdade, os miúdos continuarem com dúvidas, o professor nunca saberá que ele teve aquelas dúvidas e nunca o ajudará a ultrapassá-la. E, lá está, essa é a função do professor - ensinar, explicar, tirar dúvidas. 

 

A função dos pais é outra: é educar, formar, dar amor, carinho, regras. 

 

Separem-se as águas, por favor! 

 

Mas isto é apenas a minha posta de pescada. Feel free to disagree! ;) 

14
Mar17

Lion

Miúda Opinativa

Ontem à noite vi o Lion, um dos outros grandes filmes do ano. E este posso dizer que gostei. Senti-me um pequeno coração de pedra, porque só oiço falar de pessoas que choraram do início ao fim, e eu nem uma amostra de lágrima verti. No entanto, senti um aperto no coração, pelo que posso dizer que se calhar não sou um caso perdido e é possível que haja aqui alguma dose de sensibilidade.

 

O filme é muito bom e está muito bem interpretado. A história, verídica, é, efetivamente, angustiante. É sobre perdermo-nos, sentirmo-nos perdidos, e encontrarmo-nos. É sobre a importância do nosso passado, de sabermos quem somos, de onde viemos, quem são os nossos. É sobre a importância de conseguirmos estabelecer ligações. É sobre o amor que percebe, que compreende, que tenta ultrapassar todos os obstáculos. 

 

É curioso, porque acho impossível não nos relacionarmos, de certa forma, com o filme - embora a maioria de nós, felizmente, nunca tenha passado por nada que se assemelhe à história do filme. Mas todos nós reconhecemos a importância de sabermos quem somos e das nossas origens. E todos nós, embora de maneira diferente e por razões distintas, lutamos por sabermos quem somos. 

 

Para mim, dos três filmes que vi nomeados para os Óscars, este foi, sem dúvida, o que gostei mais (embora ainda queira dar uma segunda tentativa ao Manchester by the Sea). 

 

 

10
Mar17

Amizades

Miúda Opinativa

Eu não tenho muitos amigos - pelo menos, não tenho muitas pessoas que "caibam" no conceito que eu tenho de amigos. Por outro lado, sei que não tenho uma relação que possa ser considerada "comum" com os meus amigos. Para tal contribuem diversos factores - eu sou uma pessoa muito reservada, tenho alguns trust issues e a verdade é que a idade e crescimentos diferentes fazem com que tenhamos neste momento vivências diferentes que poderão, de certa forma, causar algum afastamento. 

 

E isso faz com que, por vezes, duvide que algumas daquelas pessoas que ainda considero amigos o sejam de facto - não que não possam ser consideradas pessoas com quem goste de estar, mas será que cabem no tal conceito que tenho de amgios?

 

Até que depois há certas alturas em que percebemos que apesar de tudo, sim. Podemos não estar juntos tantas vezes como poderia ser considerado normal, podemos ter conversas que a mim não me interessam tanto, podemos muitas coisas. Mas a verdade é que, quando é preciso, e mesmo que não queiramos, ou achemos que não queremos, os nossos amigos, as nossas amigas, estão lá, nem que seja numa conversa Whatsapp, para nos ajudarem, para perguntarem como estamos, para nos darem algum apoio. 

 

E isso é importante, tão importante. 

 

Eu sou um lonely wolf - eu sou daquelas pessoas que não está mal se estiver sozinha. Mas se calhar, tenho vindo a perceber, também não estou completamente bem. Porque no man is an island. E a verdade é que as amizades são importantes. E é tão bom ter pessoas com quem falar pela noite fora sobre os pequenos (ou grandes) dramas da nossa vida... É tão bom ter ter pessoas com para nos rirmos das desgraças da nossa vida, para fazermos piada sobre as nossas coisas estúpidas. É bom. 

 

Posso-me zangar. Mas se calhar, essas pessoas continuarão lá. 

09
Mar17

As Raparigas

Miúda Opinativa

Acabei de ler, ontem à noite, As Raparigas, de Emma Cline. O livro é, na verdade, uma história de ficção baseada no caso Charles Manson e nas jovens que o ajudaram a cometer o famoso massacre em 1969 que vitimou, entre outros, Sharon Tate, grávida, atriz e mulher de Roman Polanski. 

 
Muito sinceramente, fiquei com sentimentos ambivalentes em relação ao livro e pensei que talvez fosse prematuro escrever já a minha posta de pescada. Talvez tivesse sido melhor deixar assentar poeira, refletir mais sobre o assunto, chegar a alguma conclusão; contudo, pensei que se calhar aquilo que me deixa ambivalente não será alterado e que a minha opinião se irá manter. Por outro lado, não tinha outras ideias para o post de hoje, ah ah :P
 
 
Por um lado, gostei muito da forma de escrever da autora. A sério. É o primeiro livro dela, que tem a minha idade, e a verdade é que se eu escrevesse um livro, gostaria de o escrever daquela forma. Tenho o sonho, admito, de um dia escrever um livro (mesmo que ninguém o leia) e o estilo de escrita de Emma Cline é semelhante àquele que eu imprimo (ou tento imprimir. Ou gostaria de imprimir, vá. Ainda tenho que escrever muito e aprender muito para escrever assim) nos meus textos mais "romanceados".
 
Por outro lado, considerei bastante interessante a forma como ela retrata os sentimentos e as emoções vividas e experienciadas por uma adolescente de 14 anos. Existe muito a ideia de que uma pessoa com 14 anos é uma criança mas, muito honestamente, acho isso só paternalista e condescendente (e eu não gosto nada de paternalismos). Acho que é uma desvalorização brutal daquilo que é possível sentir-se nessa idade. O desconhecimento, as dúvidas, as questões sobre quem somos, o sentimento de incompreensão. A ideia de que ninguém nos compreende, de que não pertencemos a lado nenhum. E a autora retratou muito bem essas questões - talvez porque ela seja muito jovem (vamos acreditar que sim, que aos 27 anos ainda se é muito jovem, até porque eu não estou nada em pânico com o aproximar veloz dos 30. Nada) e passou por essa fase há relativamente pouco tempo - eu diria, pela minha experiência, que foi ontem. 
 
E a compreensão da existência desses sentimentos é importante para que se perceba o porquê de uma jovem de 14 anos acabar por entrar num determinado mundo e acabar por tomar certas decisões. Porque é fácil, para quem está perdido, sentir-se deslumbrado por quem lhe indica um caminho muito mais interessante do que aquele que nos é apresentado. 
 
No entanto, penso que talvez haja aspetos que poderiam ter sido mais desenvolvidos. As relações na comunidade, as histórias das personagens. São personagens que o leitor assume serem psicologicamente complexas mas, no entanto, esta "complexidade psicológica" não é assim tão desenvolvida. Eu sou uma rapariga que estudou Psicologia, gosto disto ;) Para além disso, julgo que a própria história poderia ter sido mais desenvolvida. Sem querer spoilar muito, há um período de tempo, anterior ao massacre e que leva a esse momento, que é pouco explorado. De repente, há uma mudança de sentimento e há um massacre - ok, mas e o que aconteceu no entretanto? Como é que se deu essa mudança de sentimento? 
 
O livro desenvolve-se ao longo de dois momentos: o presente e o verão de 1969, sendo aqui que se desenrola a maior parte da narrativa. No entanto, a narrativa passada no presente também é interessante porque também aborda sentimentos que raparigas, jovens raparigas de 18 anos, experienciam. A forma como por vezes a nossa auto-estima, a nossa insegurança, mascarada de segurança, nos leva a fazer coisas parvas. 
 
No fundo, o livro é também sobre isso - sobre raparigas. Sobre o facto de, não importa em que momento da História se viva, as raparigas serem seres complexos, cheios de dúvidas, de quem é esperado que sejam uma série de coisas, muitas delas incompatíveis, quando elas só se querem descobrir e serem elas próprias. 
 
Penso que posso aconselhar o livro, embora julgue talvez tivesse gostado mais quando tinha 16/17 anos. Porque na altura seria menos exigente e porque talvez me identificasse mais. 
 
Nota: e li o livro em papel, não no Kindle ;)
08
Mar17

Dia da Mulher

Miúda Opinativa

Sobre o dia de hoje não poderia deixar de mandar a minha posta de pescada.

Não irei dizer nada de novo, nada que nunca ninguém tenha dito. Não vou dizer nada que eu nunca tenha dito. 

 

Os homens e as mulheres são diferentes. Somos fisicamente diferentes. Somos psicologicamente diferentes. E isso é maravilhoso (bem, salvo algumas excepções, claro). Eu não quero ser homem (atenção, nada contra as mulheres que querem ser homens). Embora eu não seja a "típica" mulher (ainda ontem uma amiga minha me dizia que eu sou muito mais fria e menos emotiva que o "normal" das mulheres - BEST COMPLIMENT EVER!), eu gosto de ser mulher. 

 

Mas não gosto de ser desvalorizada por ser mulher. Não gosto da condescendência com que às vezes me tratam por ser mulher, loura, cabelo encaracolado, medir 1,63 e usar óculos. Não gosto de pensar que posso ganhar menos pelo meu trabalho do que se fosse homem. Não gosto de pensar que poderá haver uma altura, na minha carreira, em que posso não subir por ser mulher, sendo vítima do glass ceiling effect. Não gosto de pensar que se um dia quiser ter filhos, isso poderá prejudicar muito mais a minha carreira do que se fosse homem. Não gosto de pensar que se um dia tiver uma filha, ela terá que pensar nisto tudo.

 

Não gosto de pensar que, no Mundo lá fora, existem meninas a quem o acesso à educação é negado, que têm que casar aos 10 anos. Não gosto de pensar que no Mundo lá fora as mulheres são vítimas de violência doméstica legitimada pela lei dos países. Não gosto de pensar que no Mundo lá fora há mulheres que são consideradas nada - só porque são mulheres.

 

Não gosto de pensar; no entanto, não é por não gostar de pensar que não acontece. E é por isso que ainda faz sentido haver o Dia da Mulher - não é um dia discrimantório para os homens (porque a verdade é que os homens não sofrem os preconceitos que as mulheres sofrem) nem para as mulheres. É um dia para lembrar e homenagear aquelas que lutaram pelos seus direitos que eram, na verdade, a luta de todas as mulheres. É um dia para lembrar que ainda há um longo percurso a percorrer. 

07
Mar17

"Este local é interdito a crianças"

Miúda Opinativa

No outro dia, a minha mãe comentava comigo que tinha visto num progragra da manhã um debate sobre esta medida que muitos restaurantes e hotéis têm vindo a implementar, i.e., interditar o seu acesso a crianças. No debate havia, obviamente, opiniões a favor e opiniões contra e eu, inspirada pela conversa, decidi escrever aqui a minha Posta de Pescada.

 

Antes de mais, um pequeno disclaimer: eu gosto de crianças. Não gosto de todas as crianças, não tenho grande pachorra para crianças embirrentas e mal-educadas, mas gosto de crianças. Gosto da sua ingenuidade, da sua inocência, da sua perspicácia. De tal forma que até determinado momento em que a minha vida deu uma pequena volta, tinha como objetivo trabalhar com crianças (e, bem, a verdade é que cheguei a trabalhar com crianças). De tal forma que passo muito tempo das minhas férias a brincar com crianças (bom, passava, porque as crianças entretanto cresceram).

 

Não obstante, considero que esta medida faz TODO o sentido. Simplesmente porque há sítios que não são adequados a crianças e porque há pais que não têm o bom senso de perceber que há sítios que não são adequados a crianças. Se calhar esta é daquelas medidas que não deveria ser necessário impôr - lá está, se houvesse bom senso.

 

Há sítios que, simplesmente, não são adequados a crianças. Restaurantes com jantares de degustação, hotéis com conceitos mais zen que apostam no sossego dos clientes são apenas dois exemplos de locais para onde os adultos vão com objetivos muito específicos e que não se coadunam com crianças que choram, que querem brincar, que querem correr, que querem saltar, que não aguentam estar à mesa 3 horas. É o que é e ninguém se tem que sentir ofendido por uma pessoa que procura sossego num hotel zen não gostar de ter na piscina do hotel uma criança a dar saltos bomba para a piscina - algo perfeitamente natural numa criança e que nem sequer, julgo, será considerado má-educação.

 

Porque esta é outra questão: há muitas crianças que são simplesmente mal-educadas, que simplesmente não sabem estar nos sítios - sejam eles adequados ou não a crianças. Ainda no outro dia lia num blog (não me recordo qual) um post em que a autora dizia que tinha ido ao cinema e ficou com vontade de ir reclamar o dinheiro do bilhete. Porque havia uma criancinha que durante o filme resolveu que era giro ir brincar para a frente da sala com uma bola. E, lá está, não houve ninguém que fosse buscar a criancinha.

 

Ora, se em sítios à partida adequados a crianças as crianças conseguem incomodar desta forma as outras pessoas, o que acontecerá em locais onde as pessoas procuram um certo tipo de experiência que não se coadunam com crianças (mesmo que sejam as crianças mais bem-educadas)?

 

Porque mesmo as crianças bem educadas têm o seu limite. Mesmo as crianças bem-educadas precisam de explorar o mundo - e devem explorar o mundo. Ora, essa exploração simplesmente não é compatível com certos locais.

 

Mas isto é só a minha opinião :)

 

06
Mar17

Acessibilidade em Lisboa? Boa piada

Miúda Opinativa

Tenho uma amiga que é paraplégica.

Sendo uma amiga de longa data, já passámos por diversas situações que me fizeram abrir os olhos face à problemática da acessibilidade. Coisas tão simples como escolher um restaurante para irmos jantar ou um café para irmos lanchar deixam de ser tão simples. Antes de pensarmos se gostamos ou não da comida ou do serviço, pensamos "é acessível? Tem escadas? Se tiver escadas, conseguimos subi-las ou não?". A verdade é esta: só nos apercebemos como o Mundo não está adaptado a todas as pessoas quando temos alguém relativamente próximo com limitações físicas.

 

No outro dia, essa amiga e eu tivemos que ir à Basílica da Estrela. Antes de irmos, pensámos se seria ou não possível. Tem aquela escadaria principal, mas haverá alguma entrada acessível? Se não tiver, será que conseguimos subir aquela escadaria principal? Eu, estúpida e ingénua (e armada em super-mulher) disse "oh, os degraus não são muito altos, são só 4/5 de cada vez... Acho que consigo. Tantos anos de ginásio devem ter algum resultado... não?"

 

Pois, não.

Teria sido cómico, muito cómico, se não fosse dramático.

Estacionámos no lugar dos deficientes junto ao Jardim da Estrela e a primeira aventura foi eu, que a fui ajudar a sair do carro (era ela que ia a conduzir o seu carro adaptado, mas ela precisa de ajuda para entrar e sair), quase ter sido atropelada por um camião.

 

Segundo obstáculo: subir o passeio para irmos ter à passadeira.

Terceiro obsctáculo: descer o passeio na passadeira. Passeios rebaixados? Só em imaginação.

Quarto obstáculo: atravessar a estrada cheia de buracos. Desistimos de atravessar na passadeira, porque para tal teríamos que subir (e descer, claro) um daqueles passeios/separadores que, como é óbvio, também não era rebaixado.

 

Depois disto, lá chegámos à Basílica. Pequena nota: o dia estava de chuva e o vento era forte. Na Basílica concluímos que não, que não havia outra entrada. Se quiséssemos entrar, tinha mesmo que ser pela escadaria principal.

 

Vamos lá tentar, então. Eu bem tentei, mas não deu. Mesmo. Nem sequer levantei a cadeira 1 cm do chão. Afinal o ginásio não me deu assim tanta força.

 

"Então e agora?"

 

Bom, vimos um rapaz a estacionar o carro e decidi que ia pedir-lhe ajuda. Adorei o ar assustado dele quando me viu - com aquele vento todo, eu estava com um ar simplesmente tresloucado.

 

Mas assim que lhe expliquei o que queria, prontificou-se logo a ajudar-me. Depois ainda apareceram dois casais e os rapazes também ajudaram. Aí sim, foi um momento bonito. Pensei naquele programa da SIC, o "E se fosse consigo?" e pensei que aquelas pessoas passariam no teste. MUITO OBRIGADA.

 

Esta história serve apenas um propósito: Lisboa não é uma cidade acessível. Lisboa é uma cidade que parece uma corrida de obstáculos. A Basílica da Estrela, local turístico, tem espaço para fazer uma boa  rampa. Não ia estragar nada. E, ainda assim, não se faz, o que a torna um local de acesso quase impossível para algumas pessoas.

 

Quando é que tornamos a nossa capital uma cidade para todos?

03
Mar17

Trainspotting 2

Miúda Opinativa

Só para ser diferente, vou falar de um filme que nada tem a ver com os Óscars, o Trainspotting 2.

 

Para ver este filme, acho importante ver (ou rever) o primeiro, o Trainspotting. Não é que o segundo não seja compreensível sem o primeiro, mas ajuda a perceber a sua verdadeira magnitude. Eu voltei a ver o primeiro antes de ver o segundo e penso que foi uma excelente ideia.

 

De uma maneira geral, gostei do filme. No entanto, e sendo óbvio que, sendo uma sequela, haverá sempre comparações entre o primeiro e o segundo, a verdade é que gostei mais do primeiro. Achei-o mais cru, mais disruptivo. Muito grunge dos anos 90, muito psicadélico, com cenas completamente twisted e muito fortes. Julgo que é um filme que só poderia ter sido feito naquela altura e talvez por isso é que eu gostei mais - porque é algo que, para mim, é completamente fora do comum, mas com uma realização de que gosto muito.

 

O Trainspotting 2 é, obviamente, um filme mais dos nossos dias, cujo final é um bocadinho claro desde o início. Tal como disse ao meu namorado, julgo que, na generalidade, é um filme sobre uma crise da meia idade (embora, claro, com especificidades muito próprias). É um filme sobre um grupo de amigos que se separa, se zanga e que se reencontra 20 anos mais tarde. Não é tão psicadélico nem tão original como o primeiro, mas traz para cima da mesa uma reflexão interessante sobre os dias de hoje, sobre o que somos hoje em dia (tenhamos sido ou não toxicodependentes). Apresenta cenas também muito fortes, emocionalmente intensas e a realização, mais uma vez, está muito interessante, com a apresentação, em simultâneo, de cenas do filme atual e do primeiro. 

 

Vale a pena ver. O ponto alto do filme? O discurso do Renton (brilhantemente interpretado pelo Ewan McGregor). Muito muito bom. E a banda sonora, claro. 

 

 

 

 

 

02
Mar17

Rotundas e piscas - não é assim tão difícil

Miúda Opinativa

Existe, ao pé de minha casa, uma rotunda que é só ridícula. Porque é pequena, está num espaço pequeno, e mesmo assim tem 4 saídas, e só dificulta a circulação, causando um trânsito enorme em horas de ponta. A sério, aquela rotunda, às 18h00, causa uma fila de 1km. Eu demoro mais de 20 minutos a fazer um percurso que, se não fosse pela rotunda, demoraria metade do tempo. 

 

Como se isto não bastasse, a rotunda torna a circulação perigosa, porque se as pessoas já não sabem fazer rotundas como deve ser, menos ainda conseguem fazê-lo ali. 

 

Ontem, quando estava para entrar na dita cuja, um carro estava a fazer piscas para sair e continuou (BOA! Há-que agradecer ao meu instinto que me torna desconfiada) e, logo a seguir, estava um carro a fazer o pisca de continuar na rotunda mas acabou por sair (ESTÚPIDO - Eu podia ter entrado e não!). 

 

E eu gostava de dizer que o problema é só NAQUELA rotunda, mal feita e que poderia ser substituída por um semáforo - não resolvia o problema do trânsito, as filas iriam continuar mas, pelo menos, não corríamos o risco de levar com um carro em cima porque ele diz que vai sair mas afinal continua.

 

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Mas não. É um problema generalizado. As pessoas não sabem fazer rotundas. Fazem as rotundas pela direita, fazem os piscas mal, entram nas rotundas à grande quando deviam esperar... Não sabem fazer as rotundas. E isto é dramático. É um princípio básico da condução e as pessoas não o cumprem. Porquê? 

 

Será que deveria haver aulas de condução dedicadas SÓ a fazer rotundas? 

Será que deveria haver um polícia sinaleiro em TODAS as rotundas para pôr ordem naquilo?

 

Ou... não sei, ideia louca (porque estas duas anteriores fazem todo o sentido, claro) - será que as pessoas deveriam ter um pouco de civismo quando estão a conduzir e respeitar as regras? 

 

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Simples, não? 

01
Mar17

Elementos Secretos

Miúda Opinativa

Não, este não é uma opinião / posta de pescada sobre o filme. Esta é uma opinião / posta de pescada sobre o livro. 

 

Comprei o livro num acto de impulso: não sabia muito bem qual era a história, não sabia muito a avaliação da crítica, não sabia nada muito bem. Vi a capa, já tinha ouvido falar bem do filme e li, meio por alto, o resumo na diagonal e "ok, vou comprar". 

 

Embora talvez seja um bocadinho desnecessário, porque nesta altura já todos devem saber qual é a história, deixo aqui a sinopse.

 

Quando o comecei a ler, fiquei surpreendida, porque não estava à espera daquele tipo de livro. Sabia que aquela era uma história real, mas achei que fosse em estilo romance. Mas não: o livro é um relato histórico que documenta a vida das personagens de forma "apenas" factual. Assim, é relatada a vida e a história das personagens, a forma como se desenvolveram e os feitos que alcançaram, mas sem grandes floreios. 

 

Confesso que este não é um estilo que me atrai muito. Quando comecei a ler e percebi que era assim, pensei em deixá-lo "pendurado" porque, de facto, não é aquilo que eu mais gosto. É curioso, até, porque gostando imenso de História, seria de esperar que adorasse est tipo de livros. Mas não. 

 

No entanto, decidi continuar. O livro não é muito grande e apesar de não ser, de facto, o estilo que mais me agrade, a história estava a interessar-me. 

 

E, oh boy, ainda bem que o fiz. É, de facto, impressionante que a história destas mulheres não seja mais conhecida, que se tenha perdido na História. Mas é, sobretudo, impressionante o papel que estas mulheres, negras (e, consequentemente, vítimas de duplo preconceito) tiveram no desenvolvimento aeroespacial dos EUA desde a II Guerra Mundial. É impressionante como este grupo de mulheres, que tinham muito contra elas, conseguiram vencer os preconceitos, os estereótipos (embora continuassem a sofrer com eles ao longo da sua carreira) e tornarem-se mais-valias incontornáveis. 

 

Ler este livro faz-nos pensar. Faz-nos perceber exactamente o que foram as leis segregacionistas de Jim Crow nos EUA e no quão ridículas (eufemismo) foram. Faz-nos pensar, uma vez mais, no quão estúpiod e hipócrita é os EUA estarem a lutar na Europa e a condenar a segregação judaica e terem aplicado o mesmo princípio aos seus negros. Não estou a dizer que a segregação judaica não deveria ter sido condenada e combatida, atenção; mas acho que, ao mesmo tempo, os EUA deveriam ter compreendido o perigo da segregação e do preconceito e ter terminado a segregação existente por lá.

Este livro faz-nos reflectir sobre o que as mulheres tiveram que lutar e penar para conseguirem chegar onde estão (sendo que ainda não estão ao mesmo nível dos homens). E, numa atitude mais umbiguista, faz-nos pensar no quão atrasados nós, portugueses, estávamos, de facto, nos anos 40, 50, 60. Porque nos EUA, apesar de toda a loucura, as mulheres, mesmo segregadas, chegavam às universidades e poderiam almejar a certos cargos, o que nunca na vida aconteceria por cá - nem sequer as mulheres, digamos, de "classes superiores". Quão estúpido é isto?

 

Mas este livros faz-nos pensar, também, que sim, é possível: é possível ultrapassar obstáculos, preconceitos, estereótipos. No entanto, as mulheres têm que ter as oportunidades. As meninas, as raparigas, têm que ter as oportunidades que os meninos, rapazes e homens. E é essa luta que ainda não acabou. 

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