Há pouco mais de uma semana, um amigo do meu namorado lançou o desafio. Tinha tido conhecimento deste "policial imersivo", desafiou um grupo e lá fomos nós, há uns dias, para o Bairro Alto, com roupa mais ou menos escura, tal como havido sido pedido.
O conceito é simples e está na moda: houve um roubo de uma partidura de jazz da década de 20 do século XIX, que seria leiloado no dia seguinte, e o grupo tinha que ajudar um caça-recompensas, descoberto pela dona da partidura na darkweb, a encontrar a partitura na casa do suposto ladrão. Para tal, tínhamos que ir descobrindo e resolvendo pistas, que dariam acesso a um cofre onde, então, estaria a partitura. É importante referir que esta é uma acção que está a ser levada a cabo pela Drambuie, para "assinalar o lançamento da nova imagem da garrafa". Ou seja, no fundo, isto é uma acção de marketing.
Mas... não é uma acção de marketing muito boa.
Chegámos ao local combinado e fomos recebidos pelo "Artur" que nos disse que o tal caça-recompensas já estava à nossa espera e que nos explicaria o que tínhamos que fazer. O caca-recompensas chegou e lá nos explicou o que era esperado. E a verdade é que não foi assim tãoooo difícil descobrir as pistas (algumas relacionadas com a tal nova garrafa da Drambuie) e resolvê-las. Ele deu-nos algumas indicações, demasiadas, e todos achámos que teria sido bem mais giro se nos tivesse deixado pensar um pouco mais no assunto. Assim a coisa acabou por se resolver rápido. Descobrimos a partitura, houve ainda ali um confronto com o suposto ladrão da partitura, fugimos de casa e fomos ter com a dona da partitura (estou a dizer partitura demasiadas vezes? XD).
Lá fomos ter com a dona da partitura a um bar no Bairro Alto e aí veio a grande promoção da bebida. Falou da história da bebida e cada um de nós teve direito a um copo (que não é bem o meu estilo). E depois... Bem, não vou contar o final. Pode ser que haja alguém interessado em ir ou que já tenha comprado os bilhetes e não quero spoilar ainda mais.
Apenas vou dizer que sim, que esperávamos mais. O suspense não é assim tão grande e todos ficámos com aquela sensação de "então é só isto?! Então mas... pagámos 18€ para isto?"
Enfim, não querendo menosprezar o trabalho de ninguém (e por isso reflecti bastante sobre se escrevia isto ou não), julgo que o mistério podia ser mais interessante e poder-se-ia tornar as pistas mais difíceis. Isto é uma manobra de marketing, claro, mas é uma manobra de marketing demasiado cara para quem a recebe, que fica com a sensação de que o seu dinheiro foi mal empregue. Porque por 18€, esperar-se-ia maior mistério, mais suspense, mais intriga. E não houve assim tanto disso. Só um "nheeee".
E não, ninguém ficou assim espectacularmente maravilhado com a bebida.
Quando criei este blog, há pouco mais de um ano, o objetivo nunca foi partilhar acontecimentos mais pessoais da minha vida. Era, como dizia, partilhar a minha opinião, que vale o que vale, sobre assuntos genéricos.
Acontece que já partilhei um momento mais privado - o nascimento da Maria. E abri um precedente.
Se a partilha de acontecimentos da minha vida interessa a alguém? Não sei. Mas a verdade é que a minha opinião sobre temas mais genéricos também poderia não interessar e não é isso que me impede de escrever XD
A verdade é que eu gosto de escrever. E para mim está a ser importante escrever aqui e tenho tido vontade de escrever também sobre assuntos mais pessoais. Prometo que vou tentar não tornar isto um diário privado, mas julgo que não vou resistir a escrever sobre coisas mais "minhas".
Como a minha primeira Meia-Maratona. Ontem, dia 26 de Fevereiro de 2017, corri a minha primeira Meia-Maratona. E sinto-me a super-mulher.
É daquelas coisas que quem não corre não percebe - eu não percebia. Mas correr é das melhores coisas que podemos fazer. Mesmo a sério. Ao físico, claro, mas, sobretudo, à cabeça. Tem-me feito muito bem, tem-me ajudado a lidar com problemas, tem-me ajudado a disciplinar-me. A ter paciência. A lutar. A ultrapassar-me, a superar-me. Há 3 anos e meio, quando comecei a correr mais a sério, dizia que nunca na vida iria correr uma meia-maratona. Porque a distância é muito grande. Porque tenho um problema no joelho que, na verdade, até tornaria a corrida desaconselhada. Porque não tinha cabeça para isso - e para uma meia-maratona já é preciso ter cabeça.
Porque uma meia-maratona não é fácil. Bem, para mim, não foi fácil. São 21 km e eu nunca tinha corrido tantos km. O máximo que tinha corrida tinham sido 17, há duas semanas, e a verdade é que os 2 últimos km já me tinham custado bastante - mais uma vez, o importante foi mesmo a cabeça.
Então, quando ontem acordei, pensei "porra, 21 km é muito tempo" e pensei "no que é que me fui meter?!".
E lá fui. Encontrei a minha colega de trabalho e às tantas, a adrenalina começou a descer. Aquele nervoso miudinho, o friozinho na barriga antes de uma prova desportiva (e que há anos que não sentia e do qual eu morro de saudades) apareceram. Pensei "vamos lá, diverte-te. Esse é o grande objetivo. Bem, e terminar e não morrer também, claro".
E lá fui. Com energia nos primeiros 10 km. Via fotógrafos e dizia adeus. Subidas custavam, mas faziam-se bem. Isto é fixe, estou bem, Cascais é lindo, o Guincho é espetacular, e o cheiro a mar? Meu Deus, este cheiro a mar... Até que dei a volta.
E começou a custar aos 14 km. O corpo começa a doer. A vontade de ir à casa de banho começa a ser cada vez maior. Beber água, importantíssimo, tem esse efeito colateral. E o pior é que sim, há as duas vontades de ir à casa de banho. Não acontece sempre, nem a toda a gente, mas a verdade é que o impacto da corrida põe-me os intestinos a trabalhar a toda a força. E já não sabia o que fazer. Já tinha passado a casa de banho (e também não sei se seria capaz de a utilizar, porque detesto as casas de banho portáteis).
A partir dos 15 km, começa a passar TUDO pela cabeça. Todas as minhas vitórias, todas as minhas derrotas. Tudo aquilo que fiz e não fiz. Aquilo que quero fazer. Pensamos nas pessoas que estão à nossa espera na meta e nas pessoas que estão atrás de nós na corrida. Mas o que passa mais pela cabeça é o desistir. Porque o corpo começa a doer. O joelho começa a apitar. O fecho da abertura das calças, nas pernas, começa a bater no calcanhar e magoa mesmo a sério. As pernas começam a pesar e a doer. A anca começa a doer. Mas vai-se continuando. Temos uma vozinha na cabeça que nos diz "abranda mas não pares. Por ti, pelos outros, continua, vai". E fica a faltar menos 1 km, e menos outro, e a partir de agora é sempre a descer. E está quase. E os corredores vão puxando uns pelos outros. Ouvi muitas vezes "força" e disse, outras tantas "não desistas!".
E de repente, estamos a ver a Baía de Cascais. A meta está já ali à frente. A minha colega entretanto viu-me e fez um sprint para me apanhar. Tive vontade de a abraçar.
E vindo sabe-se lá de onde, vem a descarga final de adrenalina. E de repente, estamos a cortar a meta. E eu, que não sou nada de chorar, tive vontade de chorar de emoção quando cruzei a meta. Apesar de estar morta, KO, ainda tive energia para saltar e ir correr ter com o meu namorado que foi ter comigo à meta. Onde é que fui buscar esta energia? Não sei.
Mas foi brutal. De tal forma que já estou a pensar "quando é a próxima?". Ontem dizia que estava "high on adrenaline" e acho mesmo que é isso. Uma única experiência deixou-me viciada. Quero mais. Quero sentir mais esta adrenalina.
Doeu, custou. Mas é espectacular.
Porque eu posso não conseguir fazer muitas coisas, posso ter muitos objetivos que ainda não consegui cumprir e posso ter uma cabeça cheia de macaquinhos. Mas esta objetivo consegui cumprir e aqui a minha cabeça funcionou bem.
Há um ano, há precisamente um ano, lixei o joelho na minha viagem a Berlim. Como resultado, tive que passar por fisioterapia, recuperação e só voltei a correr em Julho. E ter conseguido, passado um ano de ter lixado o joelho, correr uma Meia-Maratona, foi só espetacular. Porque as coisas más acontecem, mas podem sempre melhorar :)
Pelos vistos, este assunto está na ordem do dia. E eu, se pudesse, bania o ananás das pizzas. Assim, escusava de passar pela esquisitinha que não gosta de ananás na pizza - era proibido e pronto, não havia essa opção de escolha e ninguém ficava chateado - nem quem gosta e, por minha culpa, não põe, e nem quem não gosta e, por culpa de quem gosta, põe. Claro que é sempre possível retirar o ananás, mas ficam sempre resquícios do sabor e sim, isso é capaz de estragar uma pizza.
Eu gosto de ananás, mas não gosto de ananás na pizza. Não é assim tão difícil de compreender. O ananás é uma fruta e é uma coisa saudável. A pizza é uma gordice, nada saudável, e portanto não faz sentido incluir lá fruta. É só isso.
É uma daquelas situações em que sim, dá vontade de gritar "Distiiiiiique!". Não faz sentido. Não faz sentido.
And yet, parece que sou uma minoria.
- O meu namorado gosta de ananás na pizza (mas eu ganho sempre!);
- As minhas colegas de trabalho gostam de ananás na pizza (e aqui perco);
- As minhas amigas gostamd de ananás na pizza (e aqui encontra-se um meio-termo).
E o que é que isso tem de extraordinário? Nada, a não ser o facto de ficarem a faltar exatamente 2 meses para eu ir passear a Oslo.
E o que tem vocês a ver com isso? Nada, é verdade. E o objetivo também não é simplesemente espalhar nojo porque "vou de viagem e isso é bué fixe, aguentem-se!" XD
Não.
O objetivo é perguntar a quem já lá foi, ou conhece alguém que tenha ido, que coisas fixes aconselham? Claro que já estive a ver pontos de interesse na Internet, mas o que é que vale a pena? E o que é que é um flop? E porquê? Qual a melhor forma de ir do Aeroporto para mais ou menos o centro da cidade?
E a grande questão: é possível avançarmos no tempo e passarmos já para o dia 22 de Abril para ir já?
No Domingo à noite (viva as insónias!) acabei de ler o meu primeiro livro em formato digital, o Jackdaws (em Português, Nome de Código: Leoparda), de Ken Follet.
Depois do último livro que li deste autor, e sobre o qual mandei esta posta de pescada, não tenho tido grande vontade de ler nada dele. Eu sou uma daquelas pessoas que depois de se desiludir com alguém, demora a voltar a confiar - se é que volto, de facto, a confiar.
Mas a oferta do Kindle veio alterar ligeiramente esta minha posição. A verdade é que Ken Follet escreveu, tal como já escrevi aqui, uma das minhas séries de livros favorita de todo o sempre, a Trilogia O Século, e outros livros que embora não sejam tão espectaculares, também são bastante bons - destaco, por exemplo, o seu Estilete Assassino.
Assim, decidi que lhe ia dar uma nova oportunidade, sobretudo porque esta nova oportunidade não implicaria gastar 20€ num livro que depois me iria desiludir.
Optei, então, por Jackdaws, por ser um romance passado na II Guerra Mundial (eu tenho uma panca por esta época) e por abordar a força das mulheres e a importância que elas assumiram para a vitória dos Aliados. Sim, se é para falar de Girl Power, estou lá para ouvir.
A duas semanas do Dia D, a Resistência Francesa planeia um ataque crucial ao maior centro de comunicações das tropas alemãs, instalado num antigo castelo em Sainte-Cécile. Na liderança desta missão está uma das mais valiosas agentes das operações especiais britânicas, Flick Clairet. A investida acaba por falhar e ter consequências devastadoras, deixando os alemães de sobreaviso. Abalada pelas baixas sofridas, a confiança de Flick começa a fraquejar. Impõem-se medidas drásticas. Flick sugere um plano arrojado: formar uma equipa exclusivamente feminina, as Gralhas, e infiltrarem-se no castelo disfarçadas de empregadas de limpeza. Entretanto, os alemães têm acesso a informações cruciais e já escolheram o seu alvo - a própria Flick. Arriscada e repleta de imprevistos, o sucesso da operação dependerá de quem souber esconder melhor os seus segredos. Nome de Código: Leoparda é mais um romance de Ken Follett, pleno de aventura e emoção.
A minha opinião (e posso mencionar spoilers):
Não me desiludiu como a Contagem Decrescente, mas também não me encheu as medidas como o Estilete Assassino (óbvio que nem vou falar da Trilogia).
Embora o final da história fosse bastante previsível (quer dizer, os Aliados invadiram a Normandia quando os Nazis já estavam a perder a guerra, era um bocado óbvio que a missão seria bem sucedida), a leitura consegue ser empolgante, no sentido em que queremos saber como é que a história se desenrola para culminar naquele final. Quem é que morre? Como morre? Como é que elas vão resolver a situação? Enfim, consegue prender por umas boas horas.
No entanto, não me conseguiu satisfazer como outros livros conseguem. Talvez porque apesar de ser empolgante, muitos desenvolvimentos acabam por ser bastante previsíveis (do género, "A sério?! Óbvio..."). Talvez porque as personagens poderiam ser melhor desenvolvidas. Ou talvez porque (e se calhar é mesmo por isto) sinto que a fórmula deste autor está muito usada e gasta. Porque no meio daquilo tudo tem que haver sempre uma história de amor, mais ou menos forçada, porque é óbvio (ironia) que duas pessoas que não se conhecem se vão apaixonar à primeira vista e cometer loucuras em nome do amor. E é óbvio (ironia novamente) que por causa desse amor se desenvolve um sexto sentido apuradíssimo.
Não é que tenha alguma coisa contra histórias de amor - não são o meu género literário favorito, mas não tenho nada contra -, mas faz-me confusão que numa história sobre a coragem feminina, sobre como mulheres completamente diferentes conseguiram, apesar de todas as dificuldades, unir-se e lutar em conjunto, tenha que ser incluída uma história de amor de cordel que, ainda por cima, parece meio descontextualizada, apressada e exagerada. Como se uma mulher só pudesse ser completamente realizada se um soldado americano se apaixonar por ela e lhe propuser casamento quase imediantamente.
Soldado americano esse que, note-se, guardou uma escova de dentes que eles tinham partilhado depois de uma noite de amor intensa e na qual, depois de se terem separado, tocava frequentemente como se fosse uma espécie de amuleto da sorte. Só por coisas.
Não foi um livro mau, foi um livro que me conseguiu prender por algumas horas, lê-se bem, mas não penso que seja um livro que ficará marcado na minha memória.
Dei-lhe 3 estrelas no Goodreads.
Acho que ainda não vou desistir do Ken Follet (quero ler, por exemplo, Uma Terra chamada Liberdade) mas acho que para este autor vou continuar a utilizar os e-books.
É verdade, parece que estamos quase no Carnaval. E começam os desfiles, as apresentações. Não tenho nada contra o Carnaval em si.
Tenho é contra o que certas pessoas fazem no Carnaval. Tenho muita coisa contra aquelas pessoas que não percebem a exigência básica da Liberadade, segundo a qual a "minha Liberdade acaba quando começa a tua". Posto isto, irrita-me, tira-me do sério, quem acha giro atirar balões de água a pessoas que vão na rua ou quem acha que é giro deitar bombinhas de mau cheiro nos transportes públicos.
Tirando isto, assumo que também não gosto nada dos desfiles de samba. Eu sei, não sou a única e isso só me leva a questionar mais ainda porque raio é que se continua a fazer. Não se trata só de não termos em Portugal o clima brasileiro e que propicia o samba; trata-se de nós termos as nossas próprias tradições de Carnaval e de mesmo assim termos sentido a necessidade de importar uma tradição que não só não tem nada a ver connosco como nem sequer se adequa aquilo que nós somos e temos. Não percebo.
É a terceira vez, nesta semana, que o Sapo me dá destaque. E eu só tenho a dizer, obrigada :)
A sério, sinto-me tão orgulhosa por ver que afinal as minhas palavras podem ter algum interesse!
E fico particularmente feliz por este post, do papel vs. livro digital, mereceu este destaque e originou tantos comentários. Tal como disse, quem gosta de livros tem sempre assunto e tem sempre algo a dizer ;)
Se há coisa que eu gosto e com a qual perco a cabeça é livros. Desde miúda que os adoro. Adoro ler. Se me oferecerem livros, fico feliz. Se estou de neura, compro livros e fico melhor. Se estiver uma tarde inteira a ler, fico feliz. Digo, muitas vezes, que quem gosta de ler nunca fica sem nada para fazer. Digo, muitas vezes, que quem gosta de ler nunca fica sozinho. Por isso, quem gosta de ler é um sortudo. Porque tem acesso ao infinito, descobre coisas novas, aprende tudo o que quiser aprender.
O meu namorado é igual. Embora os nossos gostos literários não sejam exatamente iguais (ele não gosta de Eça!!), também ele adora ler. Também ele não se importa de ficar à espera porque fica a ler. Antes de começarmos namorar, foi também isso que me fez pensar "epá... este vale a pena!". Ficávamos horas (e ainda ficamos) a falar sobre livros. Sobre o que gostávamos e o que não gostávamos. Sobre livros interessantes e desilusões. Sim, essa é outra vantagem de se ler - desde que a outra pessoa também leia, há sempre assunto para falar.
A diferença entre o meu namorado e eu, para além de algumas preferências literárias, prende-se com o formato da leitura. Eu sou old school, gosto de "livros livros", do papel, do cheiro a papel, do folhear. De abrir um livro pela primeira vez, quando ainda não está completamente maleável. De o tratar bem (os meus livros estão praticamente novos e é raro emprestar a alguém - e só mesmo a pessoas de MUITA confiança, que sei, por exemplo, que não dobram páginas [dor]), de lhe pegar, de sentir o peso (e nalguns casos, que peso...). Já o meu namorado é fã incondicional dos e-books. Quando começámos a namorar, usava um KOBO, mas tinha um Kindle antigo. Partiu o KOBO e agora usa o Kindle. Adora e durante meses e meses, tentou mostrar-me as vantagens. E eu não nego, tem imensas vantagens. Poupa-se dinheiro, poupam-se árvores, poupa-se espaço (e, senhores, isso é importante, muito importante. Eu já não tenho espaço para ter os livros arrumados como deve ser e nem sei muito bem como vou fazer quando, um dia, eventualmente, arranjar a minha casa que há-de ser, muito provavelmente, um pequeno e limitado cubículo). Num Kindle / KOBO, cabem milhares e milhares de livros. Eu não nego as vantagens. Tanto não neguei que no Natal, e percebendo que eu jamais compraria um bicho desses, o rapaz ofereceu-me um Kindle fofinho, pequenino e levezinho.
E sim, é verdade, aquilo é uma maravilha. Livros a perder de vista, o bicho é pequeno e leve (cabe no bolso do casaco), e não torna a leitura cansativa como eu julgava que tornasse. Não sei muito qual é a tecnologia, mas basicamente o efeito para os olhos é o mesmo que uma folha de papel, uma vez que o écran não é brilhante como, por exemplo, o écran de um tablet. Ou seja, precisamos de luz para ler, não é posível usá-lo às escuras. Também tem desvantagens, claro, nomeadamente o ficar sem bateria (e sem bateria, não há leitura) e a possibilidade de, ao cair ao chão, se partir. E, obviamente, nada disto acontece com os livros.
Ainda assim, não me desligo dos "livros livros". Tenho uma série deles que comprei há pouco tempo para ler e não acredito que vá deixar de os comprar. A minha relação com livros tem muito de irracional e o seu consumo é muito impulsivo. Há quem compre sapatos, eu compro livros :P
Ao contrário do que tem acontecido, este post não é uma Posta de Pescada "definida", no sentido em que não vou favorecer nenhum lado da equação. Reconheço as vantagens das duas opções mas também considero que ambas têm limitações.
Mas tenho curiosidade: desse lado, e se alguém me ler hoje, o que preferem? São old-school ou modernos? Ou são assim um meio-termo como eu? Também têm uma relação irracional e emotiva com os livros?
Ontem à noite escrevi aquele que seria o texto de hoje. Mas ontem à noite, passado pouco tempo de ter clicado em "Rascunho" para guardar o texto, uma pequena Maria alterou os meus planos. Uma pequena Maria, que era suposto ter nascido no dia 1 de Março, nasceu esta noite e é linda.
É engraçado. Não sou a pessoa mais fofinha e querida à face da Terra. Não gosto particularmente de abraços, nem de beijinhos, nem de coisas fofinhas. É raro chorar e nem os filmes mais lamechas ou mais emocionalmente intensos me deitam abaixo. Isto tem vantagens e desvantagens, como em tudo.
Mas sempre que um "sobrinho" nasce (e a Maria já é a quarta), invade-me uma felicidade gigante. Porque é uma nova vida, que nasceu de pessoas de quem gosto muito (bem, isto não é totalmente verdade, porque há sempre uma amiga que escolhe um pai estúpido para o seu filho lindo).
Não sou a pessoa mais fofinha, nem sequer sei se quero ter filhos, mas os meus sobrinhos são lindos. Não sou a pessoa mais querida, mas enterneço-me com o nascimento dos filhos dos meus amigos. Não sou a pessoa mais amorosa, mas acho que este é o amor que vale a pena, o amor simples, conjugado, de cumplicidade.
O amor entre duas pessoas que leva ao nascimento de bebés. O amor de duas pessoas para com o seu filho que surge no momento em que sabem que vem aí um novo ser. O amor de amigos por estas novas famílias, que ficam genuinamente felizes por eles. Que vão dormir felizes e acordam mais bem dispostas, alegres, que espalham esta alegria por quem conhecem (e que nem conhecem a nova família).
É isto que os sábios nos dizem, não é? Que a felicidade é feita de coisas simples. Que se os nossos estiverem bem, nós também ficamos. Que podemos não ter tudo o que queremos, mas se aproveitarmos as pequenas coisas que a vida nos dá, ficamos muito mais felizes, não é?
Maria, ainda não te conheci, mas já gosto muito de ti. Tens uns pais espectaculares, uns avós amorosos e tios, muitos tios, que querem o melhor do Mundo para ti. E agora, fica sabendo, contigo cá, o Mundo ficou melhor :)