Contagem Decrescente - Ken Follett
O Ken Follett é o autor de três dos meus livros favoritos de sempre. A Trilogia "O Século". São três livros que, embora com algumas - pequenas - limitações, são muito muito muito bons. E que apesar das quase 1000 páginas cada, se lêem sem se dar por isso.
Li outros livros deste autor e apesar de nenhum deles ser tão bom como qualquer um daquela Trilogia, considerei-os sempre muito bons. Especialmente o "Estilete Assassino".
Há umas semanas, aborrecida com algumas situações, resolvi optar pela minha terapia de compras de livros. Queria um livro interessante, que me prendesse. E dei de caras com este. E teve que ser este. Ken Follett, Guerra Fria, Espiões... Tinha tudo para ser um livro bom, muito bom. Só que não (ou, como se diz agora, #sqn).
O melhor do livro é, sem dúvida, a premissa que está na base da história:
"1958: A Guerra Fria está no auge, os Soviéticos ultrapassam os Americanos nos primeiros passos da corrida para a conquista do espaço. Claude Lucas acorda, uma manhã, na Union State de Washington. Vestido com roupas de vagabundo, está afectado por uma amnésia que o impede de se recordar, entre outras coisas, do seu estatuto profissional. Acontece que ele é uma personagem central do próximo lançamento do Explorer I, um foguetão do exército dos EUA. Anthony Carroll, agente da CIA e velho amigo de Lucas, anda a seguir o caso. E convém-lhe que a amnésia não passe tão depressa..."
Isto é interessante, certo? O que é que raio aconteceu ao Lucas? Quem é o Lucas? É um espião soviético? É um americano "fiel" ao seu país? O que é que aconteceu? A verdade é que passadas as primeiras páginas - as mais interessantes -, rapidamente se percebe quem é quem e qual o seu papel na história. Porque, infelizmente, este livro está cheio de lugares-comuns, personagens previsíveis e sem grande profundidade. Chegamos lá rapidamente, não é preciso ser-se um Sherlock Holmes.
Como se a previsibilidade não fosse suficiente, temos, ainda, a componente romântica do livro. Não que eu me orgulhe disso, mas nos meus 16 anos consumi alguns livros do Nicholas Sparks. E porque é que essa informação é importante para esta opinião? Porque a componente romântica do livro me fez lembrar - e muito -, os livros do Nicholas Sparks. E perdoem-me os fãs desse autor, mas isso não é um elogio. Cenas de amor forçadas, diálogos descabidos, clichés ridículos. É assim que se desenrola o "amor" neste livro. Uma pirosada desnecessária, portanto.
É um livro que tinha tudo para ser interessante, mas que se perdeu, completamente, no caminho. Diálogos forçados, história mal interligada, sempre a achar-se "mas, mas... Não era isto!".
De interessante tem o facto de se desenrolar em dois momentos: 1941, quando as personagens eram estudantes universitários e os EUA entraram na II Grande Guerra (o que me faz lembrar de um dos episódios mais idiotas e descabidos do livro...) e 1958, em plena Guerra Fria. De resto... Foi uma desilusão.