Vacinação
Eu não tenho filhos e, muito sinceramente, não sei se os vou querer ter alguma vez. Gosto muito dos meus sobrinhos - até já fui nomeada a "tia maluca", que era o meu objectivo -, mas ainda não tive esse chamamento maternal (e ainda bem, que tendo em consideração a conjuntura, acho que nunca vou ter condições para ter filhos. Mas pronto, essa é outra questão).
Assim, abstenho-me, muitas vezes, de dar algumas opiniões acerca de determinadas questões. Aliás, a verdade é que, para muitas situações, nem sequer tenho uma opinião. Uma grávida a fazer desporto? Ela que faça - se o faz é porque se sente bem. Uma grávida a comer sushi? Ela que coma - acredito que se o faz, é porque tem o consentimento do médico. Acredito que, na maioria das vezes, as mães e os pais querem os melhores para os seus filhos e se fazem desporto, comem sushi ou fazem o pino, é porque essa foi uma decisão ponderada. Provavelmente, saberão aquilo que há para saber sobre as situações e, portanto, não precisam da minha opinião. Por outro lado, se se estão a marimbar e fumam 1 maço de cigarros durante a gravidez, também não é a minha opinião que as vai fazer mudar de ideias.
No entanto, há outras situações em que sim, tenho opinião e muitas vezes, muito fundamentalista. Uma delas é a vacinação. Se há coisa que me enerva, mesmo muito a sério, são aquelas pessoas que decidem que não vão vacinar os filhos. Não, aí não admito "a mãe (ou o pai) é que sabe". E não, não vou pedir desculpa a quem não concorda comigo. É que graças a essas personagens têm existido situações muito complicadas. Como esta, aparentemente.
Vamos lá ver uma coisa - sim, as vacinas podem ser um negócio. Mas as vacinas salvam, literalmente, vidas. Salvam as vidas das crianças vacinadas e da comunidade. Não é apenas a vida da criança não vacinada que fica em risco - é também a vida de quem está à volta da criança. Pergunto-me, muitas vezes, o que passa na cabeça destes paizinhos e mãezinhas tão "pós-modernos", inovadores, disruptivos - ou, apenas, estúpidos. O que é que passa na cabeça deles? O que é que pensam que vai acontecer às suas crianças? Segundo esta reportagem do Observador, as mães optam por não vacinar as crianças porque não se confia nas vacinas, questionando-se a sua composição e receando-se que sejam tóxicas. Existirão, também, estudos que relacionam a vacina do sarampo com problemas intestinais e com o aparecimento do autismo. Isto é para rir, certo? Vacinas tóxicas que podem fazer mal às crianças? Mas o que é que esta gente anda a fumar? A sério, é que se é para viver numa realidade alternativa, então também quero. E a história do autismo, então... Isto é grave.
É grave uma mãe dizer que "prefere que o filho tenha a doença [que até pode matar - pormenores] do que a vacinana", porque "o sistema imunitário deve travar uma batalha sozinho". A minha questão é - se estas pessoas estiverem doentes, também não vão ao médico?
A não vacinação é uma moda estúpida - mais estúpida que os selfie sticks -, e para mim, os pais que optam por isto deviam ser acusados de negligência.
Sim, os pais é que sabem, mas se os pais não querem vacinar os filhos, então os pais não sabem nada.