Running in circles*
Às vezes, acho que é só isto. Ando em círculos: saio do lugar, mas volto sempre ao início.
Volto a um início confuso. Volto a um início onde, apesar de ter apenas uma direção - seguir em frente -, não sei para onde ir, onde me sinto perdida. Onde o desespero é maior que a esperança. Onde a revolta é maior que a compreensão. Onde a tristeza, o sentimento que me tiraram uma das partes mais importantes de mim, é mais forte que tudo. Porque, no fim, tudo se resume a isso. Tiraram-me uma das partes mais importantes de mim - não uma das mais presentes, mas uma das mais importantes.
E apesar de agora ser inevitável continuar, não sei como o fazer. Como continuar quando estamos sem chão? Como ter paciência, como voltar a rir realmente, como continuar a viver realmente quando nos morre um pedaço de coração?
Como acordar para ir para o trabalho e não ter vontade de mandar tudo à merda e ficar debaixo do cobertor, onde podemos continuar a dormir e onde conseguimos não pensar?
Como?
*À falta de psicólogo e de tempo para exercício, recorro ao outro tipo de terapia que conheço: escrever. E escrever assim em público, embora apenas em parte porque estou anónima, já faz parte da terapia..