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Opiniões e Postas de Pescada

Opiniões e Postas de Pescada

19
Jun17

Não tenho nada a dizer

Miúda Opinativa

Porque não consigo dizer nada.

 

No Sábado saí de minha casa às 19. Na TV passava a notícia de um incêndio. Pensei "Já está. O Verão ainda não começou, mas um dia de calor como este foi suficiente". Fui quase displicente. Era mais um incêndio, o primeiro de 2017, nada de novo num país onde só se fala em prevenção em Agosto. Foi quase, admito, como quando vemos um ataque bombista no Iraque, na Síria ou no Afeganistão - já estamos habituados, é mais um.

 

Saí de casa às 19, fui ter a casa do meu namorado, que já lá estava com uns amigos, e saímos para jantar. Comemos bem, divertimo-nos, rimo-nos, surpreendemo-nos com a trovoada, a chuva e a ventania.  Saímos do jantar e fomos a um dos rooftops de Lisboa. Voltámos para casa. Fui passear o cão dele sozinha, porque ele teve que resolver um assunto da mãe, e liguei o Facebook no telemóvel. 19 mortos num incêndio. 19 mortos num incêndio? Como? Como é que é possível?

 

Foi possível. 19 mortos num incêndio em Figueiró dos Vinhos. Figueiró dos Vinhos? Eu conheço alguém de lá! É a minha nova colega de trabalho? Não! É uma colega da Pós-Graduação. Uma das pessoas com quem mais me dou... Eu sabia que ela não estava na terra, mas também sabia que a família dela está lá. Fiquei com o coração apertado. Mandei-lhe uma mensagem. Apesar de tudo, apesar das dificuldades de comunicação com a família e amigos, parece estar tudo bem.

 

Mas é impossível, ao vermos as imagens na TV, não ficar de coração apertado. Mais impossível ainda quando conhecemos alguém, de quem até gostamos, que é muito próximo de todo aquele inferno.

 

Nem quero imaginar o que terão aquelas pessoas sentido na morte. O medo. A certeza de que era o fim. O sofrimento.

 

Nem quero imaginar a ansiedade da minha colega, que tem lá a família, amigos e agora o namorado, que é militar e também foi para lá.

 

E entretanto... A terra da minha colega de trabalho também foi atingida. Maçãs de Dona Maria.

 

É assustador. Os relatos impressionam e nem conseguimos, nem queremos imaginar o que aquelas pessoas estão a viver. Era bom fazer fast forward para a parte em que tudo volta ao normal; no entanto, para aquelas pessoas, nada nunca voltará a ser "normal".

 

Esta terá sido uma daquelas situações em que tudo o que podia ter corrido mal, correu. E correu pior ainda. E perguntam-me porque é que tenho dificuldade em acreditar...

 

 

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