Dramas da vida adulta
Eu tenho 28 anos feitos há pouco tempo.
Eu trabalho e ganho o meu ordenado que, apesar de não ser nenhuma fortuna (está muuuuiito longe disso), acaba por estar perto da média nacional.
Eu tenho 28 anos e vivo com os meus pais e com a minha irmã mais nova. Eu tenho 28 anos e gostava de poder concretizar o meu objectivo de miúda - morar sozinha, ter a minha casa, o meu espaço.
Mas não consigo. Não consigo porque o Estado fica com 200€ do meu ordenado que não é nenhuma fortuna. Porque os salários deste país são baixos e o facto de o meu estar perto da média nacional, não o torna num bom salário. Não consigo porque a par dos salários baixos, temos arrendamentos caríssimos.
Ontem vi um T0, pequeno mas arrumado, fora de Lisboa, por 450€. 450€ por um T0 que, embora funcional, não me permitiria levar toda a minha tralha. 450€. Volto a repetir: 450€ por um T0 fora de Lisboa e numa zona que nesse concelho também não é nada de especial.
E é triste que uma pessoa adulta e que ganha um ordenado médio não consiga ter a sua própria casa. Eu sei que há tristezas maiores, dramas maiores, problemas maiores. Mas custa-me pensar que para sair de casa dos meus pais, com este ordenado (médio, atenção, não é o ordenado mínimo), teria obrigatoriamente que partilhar casa com alguém. Uma pessoa adulta, que trabalha, que recebe um ordenado médio e que paga impostos não consegue ser realmente independente.
Dizem que a minha geração é uma geração mimada, acomodada a viver no conforto da casa dos pais. Não. Nós não vivemos em casa dos pais porque queremos ter uma vida calma e sem preocupações. Nós vivemos em casa dos pais, adiamos sonhos e objectivos, porque simplesmente não temos condições para sair de casa dos pais. Temos desemprego, temos salários baixos, temos impostos altos. Não somos mimados e acomodados. Estamos é impacientes para que esta situação se altere.