Dizem que a "sorte protege os filhos da luta". Acho que o objectivo desta frase é dizer que não basta esperar que as estrelas e a lua se alinhem, não basta esperar que haja algo não imediatamente identificável que nos ajuda a andar para a frente, mas que a sorte se constrói com trabalho, esforço. Não é aleatório.
Mas às vezes, acho que não. Às vezes, acho que isto da sorte é um bocadinho aleatório, sim, independentemente do esforço que cada um imprime no seu trabalho, na sua vida.
Às vezes, acho que a sorte chega a quem nunca fez nada de jeito e, mesmo assim, com contactos, com o "estar no lugar certo à hora certa", com o alinhamento das estrelas, consegue atingir determinadas coisas. Mas depois, para compensar o universo, há aquelas pessoas que sempre fizeram tudo bem, que estudaram, trabalharam, e acabam sempre por ser vítimas do "azar". E isso, perdoem-me o vernáculo, é uma merda. É injusto. É triste. É revoltante.
Às vezes, acho que existem 4 tipos de pessoas.
Tipo I - Pessoas que trabalham e têm o seu esforço reconhecido. Embora alguns digam que é "sorte" (e admito que pode haver alguma, por, por exemplo, as condições proporcionarem determinadas situações), acho que mais do que sorte, se trata de justição - é o reconhecimento devido pela sua dedicação.
Tipo II - Pessoas que nunca fizeram muita coisa, não são particularmente inteligentes, mas que conseguiram ter oportunidades e aproveitá-las. Aqui sim, tratar-se-á de sorte. E é injusto, muito injusto.
Tipo III - Pessoas que nunca fizaram nada de jeito, nunca se esforçaram, e têm a retribuição por isso. Também me parece justo.
Tipo IV - Pessoas que sempre fizeram tudo bem, que sempre se esforçaram na escola, na universidade, no trabalho. Que excedem expectativas, que cumprem tudo aquilo que é devido. E que, mesmo assim, nunca conseguem atingir os seus objectivos. Que, mesmo assim, não saem da cepa torta. Porque as condições não o proporcionam. Porque a sorte não os atinge, só o azar. Porque a sorte nem sempre protege os filhos da luta.
Há uns anos começou a "moda" de reabilitar Mercados, tornando-os em locais "tendência", in, obrigatórios. Em Lisboa, começou, julgo, pelo Mercado de Campo de Ourique. Posteriormente, a Time Out começou a explorar o Mercado da Ribeira e mais recentemente, foi a vez do Mercado de Algés ganhar uma nova "vida".
E isto é tudo muito bonito, pois claro, porque reabilitar as coisas é sempre bom e proporcionar aos consumidores novos espaços de convívio é sempre bom, certo? Errado. Bom, pelo menos na minha opinião.
Para mim, o Mercado da Ribeira, o mercado, desta nova "tendência", mais falado, é das coisas mais sobrevalorizadas em Lisboa. Tem corners interessantes, dando a possibilidade aos consumidores de ter acesso a restaurantes mais caros a um preço mais acessível mas, ainda assim, é sobrevalorizado e a qualidade-preço má. Por uma razão muito simples: aquilo é desconfortável para caraças. No Inverno, é frio. É uma confusão desgraçada e não consigo perceber como é que grupos têm a ideia de ir lá comer, uma vez que é mais provável o Trump se tornar num bom Presidente do que se encontrar uma mesa onde caibam mais de 4 pessoas juntas (se até duas às vezes é difícil!). Já para não falar que estamos a pagar caro para, no fundo, comermos em tabuleiros...
O de Campo de Ourique, embora mais pequeno, é mais confortável e organizado. Ainda assim, é complicado, lá está, encontrar mesas para grupos. No fundo, comer em Mercados é quase como comer em centros comerciais. Mas em caro...
Resta, claro, o de Algés. Nunca lá fui, admito, mas pelo que oiço falar, é mesmo o pior. O mais pequeno, onde as filas para os restaurantes se cruzam com as mesas onde as pessoas comem.
Eu não sou fã. Chamem-me velha do Restelo ou old school, mas eu cá prefiro um restaurante a sério.
Ontem à noite, nas minhas deambulações de Domingo à noite, de quem já só pastela porque, bem, é Domingo e no dia seguinte já é Segunda-feira e o fim-de-semana nunca é suficiente para nada, deparei-me com esta "notícia". E confesso - fiquei ligeiramente triste com isto. Não propriamente com o facto de o casamento do William e da Kate poder estar em crise, mas com o facto de se ter feito notícia, de a Sic Notícias ter feito notícia, de o casamento deles poder estar em crise.
Estamos a falar da Sic Notícias, um canal, supostamente, sério, com notícias sérias, importantes e factuais. Não de um canal que dá possibilidades de notícias, como é o caso de o casamento poder estar em crise. Não estamos a falar da Sic Caras, cuja função é relatar a vida social, não estamos a falar da CMTV, cuja função é... Qual é mesmo a função?
Estamos a falar da Sic Notícias cuja função é, lá está, relatar notícias.
Isto não é nada. Isto é uma possibilidade. Isto é contar uma história que pode não ser bem assim sobre a vida de duas pessoas que, embora sejam "especiais", têm direito à sua vida.
Quando fui para o Secundário, para Humanidades, o meu objectivo era seguir Jornalismo / Comunicação Social e, eventualmente, tornar-me Jornalista de Guerra ou de Investigação. Gosto de escrever, gosto de investigar, gosto de acção... No Secundário, com mais cabeça e menos romântica, percebi o caminho que o Jornalismo toma e decidi mudar de ideias. E posso-me arrepender de muita coisa, mas não me arrependo disso. Continuo a acreditar que é possível fazer-se bom Jornalismo, mas é triste, muito triste, que o bom Jornalismo seja uma minoria. É triste, muito triste, ver pessoas que conheço, jornalistas e cheios de talento, desempregados, e depois ver certas coisas escritas por "jornalistas" como esta "notícia" sobre o Nuno Markl. Esta pessoa que escreveu isto está a trabalhar. Peço desculpa se sou bruta, mas é injusto que esta pessoa esteja a trabalhar e outras pessoas, cheias de talento, não estejam.
Mas depois penso - se calhar, se as pessoas cheias de talento estivessem a trabalhar teriam que escrever as mesmas baboseiras. Porque são estas baboseiras que vendem. São estas baboseiras que fazem os leitores clicar na notícia. Não são notícias sérias.
Eu trabalho e ganho o meu ordenado que, apesar de não ser nenhuma fortuna (está muuuuiito longe disso), acaba por estar perto da média nacional.
Eu tenho 28 anos e vivo com os meus pais e com a minha irmã mais nova. Eu tenho 28 anos e gostava de poder concretizar o meu objectivo de miúda - morar sozinha, ter a minha casa, o meu espaço.
Mas não consigo. Não consigo porque o Estado fica com 200€ do meu ordenado que não é nenhuma fortuna. Porque os salários deste país são baixos e o facto de o meu estar perto da média nacional, não o torna num bom salário. Não consigo porque a par dos salários baixos, temos arrendamentos caríssimos.
Ontem vi um T0, pequeno mas arrumado, fora de Lisboa, por 450€. 450€ por um T0 que, embora funcional, não me permitiria levar toda a minha tralha. 450€. Volto a repetir: 450€ por um T0 fora de Lisboa e numa zona que nesse concelho também não é nada de especial.
E é triste que uma pessoa adulta e que ganha um ordenado médio não consiga ter a sua própria casa. Eu sei que há tristezas maiores, dramas maiores, problemas maiores. Mas custa-me pensar que para sair de casa dos meus pais, com este ordenado (médio, atenção, não é o ordenado mínimo), teria obrigatoriamente que partilhar casa com alguém. Uma pessoa adulta, que trabalha, que recebe um ordenado médio e que paga impostos não consegue ser realmente independente.
Dizem que a minha geração é uma geração mimada, acomodada a viver no conforto da casa dos pais. Não. Nós não vivemos em casa dos pais porque queremos ter uma vida calma e sem preocupações. Nós vivemos em casa dos pais, adiamos sonhos e objectivos, porque simplesmente não temos condições para sair de casa dos pais. Temos desemprego, temos salários baixos, temos impostos altos. Não somos mimados e acomodados. Estamos é impacientes para que esta situação se altere.
Na senda do post anterior, vou hoje escrever sobre a Rádio Comercial.
Eu comecei a ouvir a Comercial pelo programa da manhã. Primeiro, quando o meu pai me levava à escola. Depois, mais tarde, quando ia de carro para a Faculdade.
A única altura em que ouvia rádio era quando andava de carro e a verdade é que, na maioria das vezes, estava na Comercial.
Até que comecei a trabalhar no sítio onde estou agora e onde o rádio está SEMPRE sintonizado na Comercial. Como não posso, devido ao meu trabalho, estar a ouvir a minha própria música, tenho que levar com aquilo 8 horas por dia, 5 dias por semana. E já deito Comercial pelos ouvidos, pelos olhos, pelos poros. Já não aguento mais.
Tanto que eu até gostava (e continuo a gostar) do programa da manhã e já nem o oiço no carro, quando venho para o trabalho. Simplesmente porque já não dá.
Já não dá para ouvir SEMPRE as mesmas músicas. Já não dá para ouvir SEMPRE as mesmas músicas MÁS. Eu sei, hoje em dia as músicas são piores do que eram há uns anos, mas há música boa por aí, só têm que procurar um bocadinho e não usarem sempre a mesma playlist. Não é assim tão difícil.
Resultado: às vezes saio-me com coisas como "fogo, esta música dá-me vontade de sacar da espingarda e disparar contra o rádio". Ou quando finalmente há uma música que eu até gosto, até paro o que estou a fazer só para a apreciar melhor. Ia à casa de banho? Espero 5 minutos. Ia fazer uma chamada? Espero 5 minutos. É este o nível de desespero.
Eu sou uma rapariga que sai pouco à noite. E por "sair à noite" entenda-se "ir a discotecas". Não sou grande dançarina, não gosto de espaços fechados com muita gente nem do fumo do tabaco. Mas de vez em quando lá vou e até acabo por me divertir. Não é uma coisa que tenha vontade de fazer todas as semanas, mas de vez em quando sabe bem.
Sábado foi um desses "de vez em quando". Ou melhor, teve como objetivo ser um desses "de vez em quando". Jantar com o grupo do namorado, aniversários (vários) para festejar, arranja-se guest para o Radio Hotel e lá fomos nós.
Nunca tinha ido mas admito - apesar de não ser uma miúda de discotecas, tinha curiosidade em ir, por ser um local "da moda".
E o espaço é giro, não haja dúvida. Não muito grande, mas bem decorado, bem organizado.
Mas as coisas boas ficaram-se por aí. Porquê? A música. A música era terrível. TERRÍVEL. De vez em quando aparecia uma boa, de vez em quando aparecia uma divertida - e eu sou fã de músicas sem grande qualidade mas divertidas (é o meu guilty pleasure) - mas a grande maioria era má. Má. Muito má. Quando entrámos estava a passar a senhora J LO com o seu Jenny from the Block, for god's sake. Isto só para terem uma ideia. Às tantas, parecia que estava no trabalho a ouvir Comercial e isso não é uma coisa boa (aliás, nota mental, escrever uma posta de pescada sobre isso!).
E eu, que estava cansada cansada (não fui inteligente em ter ido correr sábado de manhã depois de ter tido um treino de natação na sexta à noite que incluiu 150 agachamentos, 125 abdominais e 50 flexões), já não aguentava mais aquilo. Para terem uma ideia, eu tinha a sensação que se encostasse a cabeça à parede era capaz de adormecer em 5 minutos. Logo eu, que normalmente demoro 2 horas a adormecer. No silêncio do meu quarto e no conforto da minha cama.
Confesso que não gosto muito de escrever críticas negativas acerca de espaços ou eventos (como foi o caso daquele Escape Room). Porque sei que é a minha opinião e embora eu tenha noção que este blog não tem grande visibilidade, nunca se sabe quem é que pode vir aqui e deixar de ir ao Radio Hotel por minha causa, pela minha opinião sobre a música. E sei que para quem trabalha nas coisas, para quem dá o seu melhor, isso é extremamente frustrante. Mas é apenas a minha opinião. Até se pode dar o caso de ter tido azar com a música daquele dia. Até se pode dar o caso de ser o sítio ideal para quem gosta daquelas músicas.
Porque, de resto, eu acho que o espaço tem mesmo potencial!
Ok. Alguém me explica qual é a ideia de se andar a replicar as opções das redes sociais? Falo desta coisa das publicações (vídeos ou imagens) com validade de tempo (um dia? Não sei exactamente durante quanto tempo é que a publicação fica disponível).
Começou com o Snapchat. Eu não uso o Snapchat, ninguém do meu grupo de amigos usa o Snapchat, e acho que o grande target são mesmo os mais jovens, que quiseram fugir do Facebook depois de os pais começarem a utilizá-lo. Mas as outras redes sociais deverão ter percebido que se calhar a fórmula era capaz de ser gira. Primeiro foi o Instragam, com as Instastories. E entretanto o Whatsapp e o Facebook Messenger também já têm a mesma brincadeira.
O mesmo acontece com os Vídeos em Directo. Começou por ser uma coisa do Facebook e agora também já é possível fazê-los no Instagram.
E a minha pergunta é: porquê?
Existem várias redes sociais e existem, se calhar, 3 ou 4 mais conhecidas e utilizadas. Estas redes sociais (Facebook, Instagram, Snapchat) têm características específicas que as distinguem entre elas relacionadas com o seu "objetivo". E, na minha opinião, há mercado para todas estas redes sociais precisamente por terem estas especificidades que as distinguem. Ora, se as estamos a tornar tão parecidas umas às outras, não estamos a replicar "trabalho"? Os utilizadores, que têm todas as redes sociais, ficam sem perceber onde é que vão utilizar o quê. Não faz sentido estarem a fazer os mesmos vídeos em todas as redes. Será que continuarão a fazer vídeos para todas as redes sociais mas farão vídeos diferentes?
Como já referi aqui, sou formada em Psicologia. O que ainda não tinha referido é que esta área - Psicologia Social - é a minha área de "especialização" (que é como quem diz, não percebo nada do assunto mas acho-a bastante interessante, tendo feito Mestrado nela).
Na verdade, foi esta questão do "porque é que fazemos o que fazemos" que me fez, aos 18 anos e cheia de dúvidas, escolher Psicologia. Nunca quis "ajudar pessoas" (i.e., fazer Clínica); quis, sempre, perceber o porquê de sermos como somos e de fazermos o que fazemos. No decorrer da Licenciatura, deparei-me com esta área - Psicologia Social - e com o estudo de estereótipos, formação de impressões, falsas memórias e, sim, o "sermos maus".
Depois de a II Guerra Mundial ter terminado e de se terem conhecido as atrocidades cometidas, a questão foi: "como?". Como é que o nosso vizinho do lado, aquele senhor simpático que cumprimentávamos todos os dias, foi capaz de fazer o que fez. Como é que o cidadão comum é, afinal, o demónio em pessoa.
E este estudo de Milgram (1961) veio dizer uma coisa que ninguém gostou de ouvir - a maioria de nós obedece à autoridade, mesmo que tal implique magoar seriamente outra pessoa ou, até, matá-la. E isso ajuda a explicar o porquê de o vizinho do lado ter ajudado a matar Judeus. É a verdade.
Entretanto, nos nossos dias, o estudo foi replicado (não exatamente, devido a questões éticas) e as pessoas mostram-se surpreendidas porque, afinal, os resultados mantém-se semelhantes. Há uma certa arrogância nas pessoas do séculos XXI - achamo-nos superior a tudo isto, achamos que "we know better", sabemos História, não vamos repetir as atrocidades da II Guerra Mundial, se alguém nos disser para matar alguém, para magoar alguém, nós somos superiores a isso.
No entanto... Não. Nós cedemos à autoridade. Se o contexto assim o justificar (ou nós achemos que justifica), nós podemos ser muito maus.
Não acreditam? Vejam o que aconteceu em Abu Ghraib há 17 anos. Acham que foram as condições extremas que levaram os militares americanos a cometer aqueles actos porque, na verdade, eles até são boas pessoas? Então pesquisem pelo Stanford Prison Experiment, de Zimbardo (uma das experiências mais interessantes que já vi). Vejam esta TED Talk.
Nós até podemos não ser intrinsecamente maus. Mas nenhum de nós pode garantir, com toda a certeza, que não se possa tornar mau caso o contexto assim o justifique (ou nós achemos que justifique). Não deveríamos ser arrogantes ao achar que se alguém nos disser "mata", nós não matamos.
Como dizia um professor meu da Faculdade, "A Psicologia explica".
Ontem, enquanto estava no banho, dei por mim a reflectir sobre a Felicidade (claro, é sempre quando estamos no banho ou a querer dormir que temos estas grandes reflexões filosóficas).
O que é a Felicidade? Será que a Felicidade é mesmo uma escolha, como tantos gostam de dizer?
Às vezes, eu acredito que sim. Que somos nós, face às situações que nos vão surgindo na vida, que vamos escolhendo a forma como vamos lidando com elas e a forma como elas influenciam a forma como vamos vivendo. Às vezes, e não tendo só a ver com a "Felicididade", acredito que somos nós que, face às vicissitudes da vida e ao nosso passado, escolhemos a forma como queremos viver. Se queremos viver "apesar de" ou se queremos viver "porque".
No entanto, e estando agora num momento da minha vida ligeiramente reflexivo, dou muitas vezes por mim a pensar que se calhar, querer ser feliz, por si só, não basta. Eu quero ser feliz. Eu quero muito ser feliz. No entanto, alturas há em que reconheço que o querer ser feliz não é suficiente. E reparem, são alturas em que não acontece nada de especial para ficar menos feliz. São simplesmente alturas em que por mais que eu queira, em que por mais que eu faça por ser feliz, por mais que eu diga que eu tenho mais razões para ser feliz do que para ser infeliz, sinto que isso não é suficiente. Sinto que tem que haver mais qualquer coisa, não necessariamente externo, para conseguir atingir essa felicidade.
Se calhar, para além do querer, existirá também além alguma predisposição genética para sermos felizes. A verdade é que nós somos uma conjugação entre contexto e genética e, como tal, a Felicidade não foge deste jogo. Se calhar, algumas pessoas (e não falo de mim), por mais que queiram, por mais que lutem, nunca conseguirão atingir essa felicidade que é uma escolha.